Estudo revela ligação de gene APOE4 com risco de Alzheimer
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Um estudo realizado por neurocientistas espanhóis e publicado na revista Nature revelou que uma forma genética do Alzheimer pode "quase certamente" levar ao desenvolvimento da doença. A pesquisa identificou que o gene APOE4, que já era conhecido por estar ligado ao risco de Alzheimer, pode ser herdado tanto do pai quanto da mãe, resultando em uma dupla dose do gene APOE4. Nesses casos, os médicos acreditam que a doença deve ser considerada uma forma particular de demência.
De acordo com o neurologista Juan Fortea, do Instituto de Investigação Sant Pau, na Espanha, um dos pesquisadores envolvidos no estudo, o gene APOE4 já era conhecido há mais de 30 anos e estava associado a um maior risco de desenvolver a doença de Alzheimer. No entanto, agora ficou evidente que praticamente todos os indivíduos com a duplicação desse gene desenvolvem a doença. Isso é especialmente importante porque representa entre 2% e 3% da população.
Essa descoberta é considerada positiva pelos cientistas, uma vez que permite analisar as informações genéticas dos pais para prever a doença antes dos primeiros sintomas. Dessa forma, é possível realizar um acompanhamento que atrasa a sua formação e antecipa o aparecimento do Alzheimer, fortalecendo a necessidade de estratégias preventivas específicas.
Para chegar a essa conclusão, os cientistas analisaram cerca de 13,2 mil voluntários, incluindo amostras cerebrais de pacientes falecidos. Entre eles, foram encontradas 273 pessoas já mortas com as duas cópias do gene APOE4 e 519 indivíduos vivos com a manifestação genética. Aqueles com a combinação genética apresentavam áreas cerebrais menores destinadas à memória e experimentavam os primeiros sinais do Alzheimer, como o acúmulo de proteínas tóxicas no cérebro, a partir dos 55 anos, décadas antes de pessoas sem essa condição. Aos 65 anos, a maioria deles já apresentava sintomas evidentes da doença.
O Alzheimer é uma doença degenerativa causada pela morte de células cerebrais, podendo começar a desenvolver-se décadas antes do aparecimento dos primeiros sintomas. O diagnóstico precoce é fundamental para retardar o avanço da doença, que tende a se agravar com o passar dos anos. Por isso, é fundamental consultar um especialista ao apresentar qualquer sintoma.
Embora os sintomas sejam mais comuns em pessoas com mais de 70 anos, não é incomum que a doença se manifeste em jovens por volta dos 30 anos. Nesses casos, a condição é denominada Alzheimer precoce. Os sintomas iniciais incluem alteração na memória, esquecimento de coisas simples, desorientação, dificuldade para lembrar endereços e mudanças comportamentais, como irritabilidade e repetições.
Pesquisas apontam que a presença de proteínas danificadas, doenças vasculares, neuroinflamação, falha de energia neural e a genética do gene APOE podem estar relacionados ao surgimento do Alzheimer.
Atualmente, o tratamento do Alzheimer consiste no uso de medicamentos para diminuir os sintomas da doença, além da realização de fisioterapia e estimulação cognitiva. Vale ressaltar que ainda não há cura para a doença, sendo necessário cuidar do paciente até o fim da vida.