Microsoft compra a Activision Blizzard por quase US$ 70 bi
Tecmundo
Em um movimento gigantesco para a indústria de videogames, a Microsoft anunciou, hoje (18), a aquisição da Activision Blizzard em um acordo que deve girar em torno de US$ 70 bilhões (cerca de R$ 386 bilhões na cotação atual).
"Os criadores de Call of Duty, Warcraft, Candy Crush, Tony Hawk, Diablo, Overwatch, Spyro, Hearthstone, Guitar Hero, Crash Bandicoot, StarCraft e mais se juntam ao Team Xbox", diz comunicado.
A informação havia sido antecipada por jornalistas e depois foi confirmada em um comunicado da Microsoft. O acordo também chama a atenção porque há algum tempo a Activision Blizzard está no centro de graves acusações de abuso sexual.
A desenvolvedora de jogos como Overwatch se viu no meio desse grande escândalo depois que funcionários e ex-funcionários, principalmente mulheres, decidiram tornar pública a "vista grossa" que a companhia faz em relação a casos de assédio, sexismo e machismo.
Em uma das ocorrências mais graves, uma mulher cometeu suicídio, e o ambiente tóxico da empresa chegou a ser apontado como uma das possibilidades para o ocorrido.
O caso já entrou na mira de várias entidades norte-americanas, incluindo o Departamento de Justiça do Trabalho e Moradia da Califórnia (que processou a empresa) e a Securities and Exchange Commission (que abriu uma investigação).
Além da troca na presidência, a Blizzard realizou dezenas de demissões de funcionários. O CEO, Bobby Kotick, foi acusado várias vezes de esconder o caso e não se comprometer com a melhora do ambiente.
Mais jogos no Game Pass
No comunicado, a Microsoft explicou que além da Activision Blizzard, a compra coloca empresas como Beenox, Demonware, Digital Legends, High Moon Studios, Infinity Ward, Radical Entertainment, Sledgehammer Games e Treyarch sob “guarda-chuva” da empresa.
E apesar do anúncio, a marca norte-americana pontou que o acordo ainda precisa ser chancelado pelas autoridades financeiras e que enquanto isso, as duas gigantes dos games continuarão atuando de forma independente. “Assim que o acordo estiver concluído, o a Activision Blizzard se reportará a mim como CEO”, pontua Phil Spencer, que assinou o comunicado.
“Ofereceremos o maior número possível de jogos da Activision Blizzard no Xbox Game Pass e no PC Game Pass, novos títulos e jogos do incrível catálogo da Activision Blizzard. Também anunciamos hoje que o Game Pass agora tem mais de 25 milhões de assinantes. Como sempre, esperamos continuar agregando mais valor e mais ótimos jogos ao Game Pass”, diz outro trecho do texto.
O comunicado obviamente não cita as acusações que estão recaindo sobre a Activision Blizzard e ainda promete que “todas as equipes e todos os líderes” serão mantidos. “Estamos ansiosos para estender nossa cultura de inclusão proativa para as grandes equipes da Activision Blizzard”.
Outro ponto não citado na comunicação oficial é o valor do acordo entre as companhias. As cifras de US$ 70 bilhões foram citadas pela jornalista Dina Bass, do Bloomberg.
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Depois da divulgação da notícia, o próprio CEO da Activision Blizzard, Bobby Kotick, que permanecerá no cargo mesmo após acusações de acobertar o escândalo de assédio, disse que o negócio entre as gigantes só deve ser oficializado em junho de 2023.
Detalhes do negócio
Dentre as clausulas do acordo já reveladas, foi dito que caso a transação seja impedida na Justiça, a Microsoft terá que pagar US$ 3 bilhões para a Activision Blizzard.
Outro detalhe, é que os jogadores não verão resultados do negócio somente nos consoles ou PC, mas também no mobile. A dona de franquias como Tony Hawk está levando suas propriedades intelectuais para celulares e tablets. A empresa comanda, por exemplo, a King, que desenvolveu o sucesso Candy Crush.
Ou seja, com a parceria, novos títulos tanto da Microsoft quanto da própria Activision Blizzard chegarão para aparelhos portáteis através também da nuvem (com soluções como o xCloud).
Dentre as curiosidades, é que a partir de agora jogos como Crash Bandicoot, que se notabilizou quase um mascote do PlayStation nos anos 2000, será de propriedade da concorrente (caso toda a negociação seja aprovada, claro).
Outra compra gigantesca
A nova aquisição da Microsoft, que simplesmente não era esperada pelo mercado, principalmente por causa dos problemas recentes que a dona de Diablo tem vivido, é pelo menos o segundo acordo a “nível gigantesco” nos últimos anos.
No final de 2020 a marca do sistema operacional mais usado do mundo anunciou a compra da ZeniMax Media, dona de subsidiárias como a Bethesda, que é responsável pelas franquias Fallout e The Elder Scrolls.
Para se ter uma ideia, do tamanho do negócio mais recente, a aquisição da ZeniMax foi por “apenas” US$ 7,5 bilhões na época. A compra foi autorizada em todos os tramites em março de 2021.