O que é hidrocefalia e como é feito o tratamento da doença?
Tecmundo
*Este texto foi escrito com base em informações de agências e autoridades sanitárias, hospitais e especialistas em saúde. Se você ou alguém que você conhece possui algum dos sintomas descritos aqui, nossa sugestão é que um médico seja procurado o quanto antes.
Nesta semana, uma piada capacitista feita pelo comediante Leo Lins teve diversas repercussões. Além de perder seu emprego no SBT, o comediante colocou em evidencia uma doença que necessita de acompanhamento contínuo e pode ter repercussão fatal caso não tratada: a hidrocefalia.
Caracterizada como o acúmulo de líquido cefalorraquidiano (LCR) no cérebro, que pode comprimir o órgão e causar lesões permanentes, a hidrocefalia pode ocorrer em qualquer idade, e tem diversas causas.
Hidrocefalia pode ocorrer em qualquer idade, e tem diversas causas
O acompanhamento é contínuo, e quando atinge crianças, é necessário acompanhamento por profissionais do Programa de Intervenção Precoce, do Sistema Único de Saúde (SUS), a fim de minimizar danos ao desenvolvimento dos pequenos. Saiba mais sobre a doença, suas causas, o diagnóstico e o tratamento.
O que causa hidrocefalia?
Dentro do nosso cérebro existem regiões chamadas de ventrículos, onde o LCR, mais conhecido como líquor, é produzido. Banhando todo nosso sistema nervoso central (SNC), que é composto pelo cérebro, cerebelo, tronco cerebral e medula espinhal, o líquido atua como:
- Amortecedor contra impactos;
- Faz a remoção de resíduos provenientes do metabolismo cerebral;
- Atua como um regulador de pressão dentro do SNC;
- Dá flutuabilidade para o cérebro.
Mas todas essas funções são prejudicadas quando há uma descompensação no funcionamento natural entre produção, movimentação e eliminação. Podem ser três os problemas que causam o acúmulo e mal funcionamento desse sistema:
- Obstrução: Quando existe um impedimento, parcial ou total, de movimentação do líquor entre os ventrículos ou para outras regiões do SNC.
- Falha na absorção: o LCR é absorvido pelos vasos sanguíneos na superfície cerebral, mas quando esses vasos são ineficientes nessa tarefa, o líquor acumula, causando inchaço nos ventrículos.
- Excesso de produção: essa condição é menos comum. Os ventrículos produzem muito mais líquido do que o sistema consegue absorver.
Esse mau funcionamento pode ocorrer em qualquer idade, sendo mais comum em adultos acima de 60 anos e em bebês. Pode ter como estopim, traumas cranianos, doenças infeciosas, tumores cerebrais, em decorrência de hemorragias cerebrais ocorridas após o nascimento, ou ser congênita, que é quando o bebê já nasce com um comprometimento no sistema de drenagem no cérebro.
Quais são os sinais de alerta para hidrocefalia?
Essa condição deve ser diagnostica e tratada o mais precocemente possível, pois o acúmulo de líquido gera uma pressão no tecido cerebral, que se não tratada, pode ser fatal, ou gerar leões irreversíveis.
Entre os sinais em sintomas em bebês temos:
- Cabeça com circunferência muito superior ao esperado para a idade;
- Rápido aumento da cabeça, após o nascimento;
- Fontanela (moleira) com protuberância saliente no topo da cabeça;
- Convulsões;
- Olhos fixos para baixo;
- Náusea e vômito;
- Problemas no tônus muscular.
Além do inchaço, hidrocefalia causa deformação do crânio
Em crianças mais velhas, as queixas também incluem:
- Visão turva e/ou visão dupla;
- Dores de cabeça;
- Perda de controle da bexiga, ou micção frequente;
- Declínio em habilidades físicas e cognitivas;
- Movimentos oculares anormais.
Em adultos, principalmente acima de 60 anos, é necessário um diagnóstico diferencial, pois os sintomas são muito próximos aos de demência, sendo: perda do controle urinário, perda de capacidades físicas e cognitivas, com andar arrastado, má coordenação, problemas de memória e no raciocínio.
Com são feitos diagnóstico e tratamento?
O diagnóstico é realizado através da observação dos sinais e sintomas, exames de imagem e coleta do líquor, para que a causa seja identificada, e o melhor tratamento seja prescrito.
As opções de tratamento variam de pessoa para pessoa, sendo necessário o uso de medicações para controle de sintomas, e na grande maioria dos casos, intervenção cirúrgica.
Entre os procedimentos mais comuns, está a implantação cirúrgica, por baixo da pele, de um tubo com válvula, chamado shunt, que comunica o terceiro ventrículo cerebral a outra região do corpo, sendo mais comum com peritônio.
A derivação também pode ser feita para a região do coração
Esse desvio proporciona a absorção do líquor, drenando o excesso de forma controlada, aliviando a pressão intracraniana, e evitando lesões no cérebro. Esse mecanismo deve ter acompanhamento contínuo para evitar possíveis obstruções, infecções e piora no quadro.
Além dos medicamentos e da cirurgia, pessoas com hidrocefalia devem manter tratamento com terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, psicólogos, entre outros profissionais, para manter, ou no caso das crianças, adquirir, habilidades para realizar as atividades necessárias para o dia-a-dia.
O acompanhamento para bebês e crianças é ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), através do Programa de Intervenção Precoce, que dá apoio às crianças e familiares.
Não há uma cura para a hidrocefalia, mas é possível realizar o controle com boa eficácia, diminuindo danos da doença, e fornecendo maior qualidade de vida.