Papai Noel existe? Saiba a importância do Bom Velhinho para a imaginação infantil
Bons Fluidos
Eu já tive que intervir em várias discussões entre crianças que acreditam ou não em Papai Noel, e minha resposta é sempre a mesma: o Papai Noel existe até quando você quiser acreditar nele, e ninguém tem o direito de zombar do outro por isso. O mais inacreditável é que crianças de 4 anos entendem isso facilmente, mas seus pais, não.
É muito simples: a fantasia faz parte da primeira infância. Acreditar em Papai Noel, para eles, é a mesma coisa que acreditar em ser o pirata ou a princesa, por exemplo. O problema é como os pais conduzem isso.
A importância do Papai Noel para a imaginação das crianças
Você dizer que o “Papai Noel está vendo que você não está comendo todo o seu jantar” e fazer chantagem emocional com a criança por um mês para que ela te obedeça, é diferente de visitar o Papai Noel no shopping (sem obrigá-la a sentar no colo ou tirar foto com um estranho, claro) e ajudar a criança a escrever uma carta pedindo um único presente que ele vai receber no dia do Natal.
Da mesma forma, dizer: “Filho, o Papai Noel não existe e o pai do seu amigo é um mentiroso”, é diferente de dizer: “Meu amor, o Papai Noel é um personagem, como o Homem-aranha, então, ele não existe de verdade. Sabe quando você brinca com o Homem-aranha e faz de conta que ele existe? Então, é a mesma coisa com o Papai Noel. Algumas crianças acreditam que ele existe e está tudo bem”. Conseguem ver a diferença?
A importância que a fantasia vai ter na vida do seu filho depende de você e da maneira como ele vai lidar com isso também. Então, se você “quer acreditar”, acredite, mas faça com leveza, sem alienar a criança. Se você optar por não “acreditar”, tudo bem também, mas não transforme seu filho no “Cavaleiro do Apocalipse” que tem que destruir a brincadeira de todo mundo. E acredite, crianças podem ser muito cruéis (não que seja a intenção delas, mas exatamente por não terem filtro, o estrago é grande).
A magia por trás do Bom Velhinho
O Papai Noel é apenas uma fantasia como qualquer outra, assim como fadas, princesas, piratas ou mesmo quando a criança se imagina o Homem-aranha ou a bailarina. Ou seja, não tem nada de errado desde que VOCÊ a direcione corretamente como sendo PARTE do Natal e não a razão da celebração da data.
Para criança é tudo uma grande brincadeira, quem complica tudo, na verdade, são os adultos. O valor que ela dá para o Papai Noel, para as fadas, ou se ela se acha a própria princesa do reino encantado, só depende de como ela foi direcionada.
Então entenda, para primeira infância, todo esse entendimento é muito abstrato. Para eles, é meio preto no branco. Então dizer que apenas a sua verdade é o que vale, pode fazer com que a criança seja dura com quem pensa diferente dela, e isso pode gerar muitos problemas para uma criança que está entrando numa fase de aceitação, em que a opinião do outro importa – e muito. Afinal, o que seria do preto sem o branco, não é mesmo?
Texto escrito por Camila Menon, especialista em primeira infância, professora e diretriz Montessori