Andreas Kisser fala sobre a morte da mulher: ‘Porta gigante se fechou’
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O guitarrista Andreas Kisser, do Sepultura, comoveu ao fazer uma reflexão sobre a morte de sua esposa, Patrícia Perissinotto, que faleceu em 2022 em decorrência de um câncer no cólon após ficar em cuidados paliativos. Em entrevista ao Jornal O Globo, ele contou que viu sua vida mudar ao perder a esposa e que repensou muita coisa sobre a vida.
"Essa parada do Sepultura [eles anunciaram o fim da banda] é uma consequência desse processo que passei com minha esposa por conta do câncer. Essa coisa da discussão do cuidado paliativo que da dignidade a quem está sofrendo vai muito além da morfina. Essa porta gigante que se fechou com a partida da minha esposa levou uma parte gigante minha, mas abriu outras coisas que estavam dormindo. Eu me tornei outra pessoa. Notei que respeitar a finitude dá uma ressignificação maior a tudo. Não só à vida, mas à carreira, ao que é o Sepultura ou às possibilidades que surgem após a essa parada", disse ele.
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Andreas Kisser relembrou os últimos dias da esposa
Em participação no programa Conversa com Bial há alguns meses, o guitarrista Andreas Kisser relembrou os últimos dias de vida da esposa. O músico recorda que, quando soube da piora do quadro de saúde de sua esposa, estava em uma turnê na Europa com o Sepultura, mas retornou o mais rápido possível para o Brasil. “A médica me mandou uma mensagem dizendo que queria falar comigo. Liguei para ela e ela disse ‘a coisa está assim, seria melhor que você estivesse aqui’”, contou. Então, a banda improvisou outro guitarrista e Andreas voltou. “Muito rapidamente o Sepultura organizou outro guitarrista para continuar a turnê[…]. E eu voltei. Quando cheguei fiquei dois dias maravilhosos com ela […], mas estava com as máquinas. Estavam, na verdade, desmamando ela das máquinas para ver como ela reagiria”, relatou o artista.
Segundo o guitarrista, o quadro de Patricia era irreversível e para evitar toda a dor que a médica sentia, o ideal seria a prática da eutanasia, algo ilegal no Brasil. “Cheguei numa segunda-feira e, infelizmente, na quarta-feira ela deu uma caída, e, a partir dali, a coisa não voltou mais. As notícias ficaram pesadas. Tive que ouvir que a situação era irreversível, que teria de entrar a equipe do paliativo. A Patricia estava consciente até o fim, o caso dela era um caso clássico de eutanásia.Se tivéssemos isso na lei brasileira legalmente, poderíamos ter utilizado esse artifício na situação dela, porque ela estava consciente, não aguentava mais, o corpo não aguentava mais, uma situação irreversível”, explicou Andreas.