A curiosa saga do cavalo que marcou a chegada do Brasil República
Aventuras Na História
O Brasil deixou de ser Império através de uma insurreição militar. O exército, todavia, era apenas um dos vários setores da sociedade que estavam insatisfeitos com o governo de Dom Pedro II. Havia também os latifundiários, a classe média urbana e a Igreja, sendo todos esses inimigos influentes.
Em uma ironia histórica, todavia, Marechal Deodoro da Fonseca, em particular, não era necessariamente contra a Família Imperial: embora não aprovasse muitas das atitudes da monarquia, também não tinha planos de derrubá-la, segundo revelam suas cartas da época, o que foi documentado pelo Infoescola.
A despeito dessas opiniões pessoais, o respeitado oficial militar foi um dos responsáveis por realizar a Proclamação da República, de forma que, no final das contas, um monarquista ajudou a dar um fim ao Brasil Império.
Ainda conforme o Infoescola, o Marechal pensava que, no fim, a Família Imperial reconquistaria o poder e puniria os soldados insurgentes. Como mostra a História, entretanto, essa teoria não se comprovou.
15 de novembro de 1889
Fonseca estava tão doente na madrugada anterior ao dia que a nação deixou de ter um imperador que os outros republicanos pensaram que estava com suas horas contadas, e não iria resistir nem mesmo até a manhã seguinte.
Dessa forma, decidiram sair para o Rio de Janeiro (onde ficava a capital do país naquela época) para depôr Dom Pedro II sem ele.
O militar que ganhou sua reputação na Guerra do Paraguai, no entanto, fez questão de comparecer mesmo adoentado, segundo explicado pelo jornalista e escritor LaurentinoGomes em 2014, através de sua coluna no El País. A curiosa história foi repercutida também pelo portal AnaMaria posteriormente.
Levantou-se da cama e, fraco e cambaleante, tomou uma charrete para ir se encontrar com os soldados", contou Laurentino, autor de "1889", entre outras obras.
O restante dos oficiais havia ido a cavalo, porém Deodoro estava muito debilitado para cavalgar. A despeito disso, o militar não queria que a verdadeira gravidade de sua condição transparecesse, de forma que quando já estava se aproximando do grupo, montou um cavalo só para manter as aparências.
O cavalo ideal
O animal escolhido para acomodar o ilustre Marechal era apelidado simplesmente de baio número 6 e era considerado o menos arredio de toda a tropa do Primeiro Regimento de Cavalaria.
A mansidão do corsel o tornava ideal para carregar o abatido oficial durante sua importante tarefa. Foi dessa forma que o equino acabou tendo a honra de participar desse valioso momento da trajetória brasileira.
Inclusive, ele seria mais tarde imortalizado na tela do pintor Henrique Bernardelli, que foi finalizada em 1890, meses depois do episódio.
Não dá para negar que o animal foi muito bem recompensado por seu papel. Durante sua aposentadoria do serviço militar, o baio número 6 também teve a oportunidade de ficar no estábulo do quartel, sem muitas obrigações, sendo bem alimentado e sem precisar carregar nenhum outro humano nas costas.
O fato foi comentado até mesmo pelo próprio Marechal Deodoro daFonseca alguns anos depois: "Vejam os senhores, quem lucrou no meio de tudo aquilo foi o cavalo!", afirmou, conforme relatado por Laurentino.