Fluidez, respeito e identidade: O que é o gênero não-binário?
Aventuras Na História
Na noite do último domingo, 25, o mundo parou para assistir às classificatórias do skate feminino nas Olimpíadas de Tóquio. Marcada pelo pódio composto por jovens esportistas, a competição ainda trouxe uma importante discussão à tona.
Acontece que, apesar de suas notas baixas, a norte-americana Alana Smith, de 20 anos, chamou atenção ao competir com um curioso broche preso em sua camiseta. No acessório, lia-se os termos “they/them”, tradução em inglês para “eles/deles”.
Muito além de pronomes, as palavras representam uma identidade de gênero que ganhou bastante destaque nos últimos tempos. Fugindo do padrão binário da sociedade, que divide as pessoas entre homens e mulheres, trata-se do gênero não-binário.
Representatividade
No dia 19 de maio de 2021, a cantora Demi Lovato fez uma revelação em suas redes sociais. Depois do lançamento de um documentário sobre sua longa trajetória, a artista afirmou que, a partir daquele momento, gostaria de ser tratada como não-binária.
Da mesma forma que Alana Smith, então, a cantora colocou em pauta uma discussão necessária acerca do espectro de gênero que conhecemos hoje. Antes divididos apenas entre masculino e feminino, os gêneros hoje são muito mais abrangentes.
É importante pontuar, contudo, que identidade de gênero não é a mesma coisa do que orientação sexual. Enquanto o primeiro diz respeito à forma como a pessoa se identifica, o segundo roda em torno dos interesses amorosos e sexuais de alguém.
Um novo espectro
Em sua definição oficial sobre o gênero não-binário, por exemplo, a LGBT Foundation deixa claro que “pessoas não binárias sentem que sua identidade de gênero não pode ser definida dentro das margens da binariedade”.
“Em vez disso, elas entendem o gênero de forma que ultrapassa a mera identificação como homem ou mulher”, explica a instituição. Dessa forma, pessoas não-binárias seriam aquelas que não se identificam com o gênero masculino, nem com o feminino.
É entre a comunidade não-binária, inclusive, que se torna essencial o uso dos chamados pronomes neutros, dado fato que aqueles que se identificam dessa forma não respondem por pronomes femininos ou masculinos — daí vem o broche de Alana.
Fluidez
Segundo a LGBT Foundation, todavia, é importante pontuar que o gênero não-binário também pode representar uma fluidez de identidade. “Como os não-binários incluem qualquer pessoa que não se enquadre na narrativa tradicional de homem ou mulher, as comunidades não binárias são incrivelmente diversificadas”, pontuou a instituição.
Dessa forma, enquanto algumas pessoas não-binárias não se identificam com qualquer um dos gêneros binários, outras podem se identificar com os dois ao mesmo tempo, ou com apenas um de cada vez — o que também acontece com pessoas de gênero fluido.
“Pessoas não binárias podem se identificar como homens e mulheres ou nem como homens ou mulheres”, narrou a fundação internacional, em seu site oficial. “Eles podem sentir que seu gênero é fluido, pode mudar e flutuar ou talvez eles não se identifiquem permanentemente com um gênero em particular."
Respeito constante
Marcadas pela diversidade, as Olimpíadas de Tóquio também contam com um número recorde de atletas abertamente LBGTQIA+ nas delegações. No total, são 163 atletas gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros, queer e não-binários publicamente declarados.
Tamanha representatividade torna-se importante para mostrar que, muito além de uma bandeira erguida pela comunidade, o respeito também é crucial em diversos âmbitos da sociedade. Com dezenas de atletas que fogem do padrão, é necessário respeitar tanto a orientação sexual, quanto a forma como uma pessoa se identifica.
Daí vem, também, a discussão sobre a aplicação do pronome neutro nas linguagens modernas, já que seria uma forma de demonstrar respeito e empatia pela identidade de atletas, cantores, estudiosos, artistas e trabalhadores como Alana, Demi e muitos outros.