Phineas Gage: O intrigante caso que revelou a importância do lóbulo frontal
Aventuras Na História
Uma das primeiras evidências científicas de que lesão no lobo frontal pode alterar a personalidade, emoções e a interação social do indivíduo surgiu com o caso de Phineas Gage. Com 25 anos de idade, em 1848, ele foi vítima de uma explosão acidental durante a construção de trilhos.
Uma barra de ferro atravessou seu crânio de baixo para cima perfurando a região do lobo frontal, mais detalhadamente o córtex pré-frontal esquerdo. Justo a região da lógica, aquela que funciona nos testes de QI.
Gage ficou sob cuidados médicos por quase três meses e voltou para casa dos pais. Também tentou voltar a realizar suas tarefas do cotidiano, mas familiares notaram que sua memória estava prejudicada, bem como a capacidade de aprendizado e força motora alterada; sem contar as oscilações emocionais e a sua agressividade, com picos de surtos de ira.
Mais ou menos como acontece com certas pessoas que não se controlam e têm atitudes impensadas com consequências negativas como agredir uma mulher ou cometer racismo. Atos que se sabe das consequências ruins e, mesmo assim, parece que não há coerência nem precaução sobre possíveis danos futuros.
O cérebro do jovem Gage foi estudado quatro anos após a sua morte pelo médico John Harlow. O caso suscitou pesquisas e debates sobre a personalidade como produto do cérebro.
Gage perdeu 15% de massa cerebral, tendo a barra de ferro levado parte do córtex e parte dos núcleos internos do cérebro. Isso justifica as alterações de comportamento e perdas de memória, afinal foram danificadas regiões como o córtex pré-frontal que é parte importante na tomada de decisões e planejamento.
O caso de Phineas Gage revela o comportamento de uma pessoa quando tem a conexão entre o córtex pré-frontal com a área subcortical envolvidas no processamento de emoções, como a amígdala e o hipotálamo interrompidas. Este exemplo revela o comportamento de pessoas com problemas emocionais que interferem na conexão dessas regiões, revelando atitudes incoerentes e impulsivas.
Comportamentos irracionais, falta de controle emocional, falta de controle pessoal, estão relacionados a má conexão entre essas regiões, prejudicando a região do córtex pré-frontal, que orquestra a racionalidade funcione corretamente.
Pessoas com certos transtornos, síndromes e perturbações têm disfunção na conexão entre o sistema límbico, a região da emoção, com o córtex pré-frontal, a região do lobo frontal que orquestra todas as nossas atitudes, cujo a função executiva está relacionada à coerência, a busca da lógica, da razão, a habilidade de diferenciar entre pensamentos conflitantes, determinar o que é bom ou ruim, bem e o mal, melhor ou pior, o que é diferente, preservação, análise do futuro e possíveis consequências, previsão de resultados, controle social, capacidade de suprimir impulsos e ter a consciência das consequências, manipulação e coordenação de pensamentos e ações.