Revolução de 1917: obra apresenta a propaganda por trás da Guerra Civil Russa
Aventuras Na História
A história é contada pelos vencedores. E pelos perdedores também, quando eles vivem para contá-la, como aqueles que lutaram no Exército Branco, em oposição aos vermelhos bolcheviques num conflito que durou longos cinco anos após a Revolução de 1917. Nenhum relato é isento.
Foi tentando atingir um balanço realista que o historiador francês Jean-Jacques Marie mergulhou em documentos para criar seu tomo sobre a Guerra Civil Russa, na qual algumas fontes falam em até 9 milhões de mortos. E o autor começa por contestar esses números como propaganda. Para ele, a fatura fica em torno de (ainda terríveis) 3,5 milhões.
Além desse saudável ceticismo para com as mentiras de ambos os lados, Marie lembra uma parte que os dois também quiseram varrer para debaixo do tapete, um pouco falado inimigo. O que é insólito, porque poucos que escrevem a História tentam apagar seus adversários vencidos – que são, afinal, o testemunho de seu triunfo. O sumiço é porque ambos os lados se consideravam defensores do povo russo.
Os brancos, por serem guardiões da tradição e da fé. Os vermelhos, porque faziam a revolução em nome dele, representavam seus interesses de classe – o que eles realmente deviam querer se tivessem consciência. E o povo não concordou.
Além dos brancos e vermelhos, havia os verdes, camponeses que se revoltaram contra as atrocidades e pilhagens dos brancos e dos experimentos de coletivização e perseguição pelos vermelhos.
A obra História da Guerra Civil Russa: 1917-1922 saiu em francês em 2005 e ganhou sua primeira edição brasileira no aniversário dos 100 anos da revolução, em 2017. Marie é um dos maiores especialistas franceses em União Soviética e comunismo.