Vírus da zika pode ser um aliado no combate a tumores cerebrais, revela pesquisa da USP
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Entre os anos de 2015 e 2016, o vírus da zika foi responsável por um surto de casos de microcefalia em bebês no Brasil, sendo temido desde então. Recentemente, no entanto, pesquisadores do CEGH-CEL (Centro de Estudo sobre o Genoma Humano e Células-Tronco) da USP, junto ao Instituto Butantan, descobriram que o mesmo vírus é eficaz no tratamento de tumores no sistema nervoso central.
Segundo a diretora do CEGH-CEL, Mayana Zatz, o estudo teve início depois que os cientistas perceberam que o zika tem preferência pelas células progenitoras neurais dos fetos, as quais, mais tarde, se transformarão em neurônios. Uma vez que os tumores do SNC possuem células muito parecidas com essas, surgiu então a suspeita.
"Explicar o porquê desse mecanismo é algo complexo, mas provavelmente o vírus se adapta melhor ao maquinário das células progenitoras. Ele se replica melhor nelas e as destrói. A partir dessa constatação, decidimos, então, investigar se também atacaria as células-tronco tumorais do cérebro, e a resposta foi positiva. O inimigo virou um aliado", disse a especialista.
A pesquisadora Carolini Kaid afirma ainda que nos casos dos cânceres mais agressivos, em especial os do sistema nervoso central, há uma população de células tronco-tumorais, que quase sempre são resistentes à quimioterapia e radioterapia.
"Quando o paciente termina as sessões, essas células voltam a crescer e reabastecem o tumor, sendo as responsáveis pela recidiva. O fato de o vírus da zika ter preferência por elas, faz com que as infecte, se replique nelas e as mate. Isso é o que chamamos de efeito oncolítico", disse ela.