Bolsonaro parabeniza Polícia Civil do Rio por operação que deixou 28 mortos em favela
Reuters Brasil
Por Eduardo Simões
SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro parabenizou a Polícia Civil do Rio de Janeiro pela operação que deixou 28 pessoas mortas na semana passada na favela do Jacarezinho, zona norte da capital fluminense, e criticou a imprensa por, segundo ele, igualar traficantes a cidadãos comuns, sem entretanto apresentar provas que os 27 mortos --um policial também morreu na operação-- eram traficantes.
"Ao tratar como vítimas traficantes que roubam, matam e destroem famílias, a mídia e a esquerda os iguala ao cidadão comum, honesto, que respeita as leis e o próximo. É uma grave ofensa ao povo que há muito é refém da criminalidade. Parabéns à Polícia Civil do Rio de Janeiro!", escreveu Bolsonaro em sua conta no Twitter na noite de domingo.
O presidente também fez uma homenagem ao policial morto na operação.
"Será lembrando pela sua coragem, assim como todos os guerreiros que arriscam a própria vida na missão diária de proteger a população de bem. Que Deus conforte os familiares!", disse o presidente.
Na sexta-feira, ao ser indagado sobre a operação policial no Jacarezinho por um repórter que disse que o caso estava sendo tratado como "massacre", o vice-presidente Hamilton Mourão respondeu: "Tudo bandido". Ele, no entanto, também não apresentou provas das acusações que fez.
A operação na favela do Jacarezinho foi criticada por entidades de defesa dos direitos humanos e a Organização das Nações Unidas (ONU) pediu uma investigação ampla e independente sobre o caso, apontando que os policiais não preservaram a cena do crime.
O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, viu indícios de "execução arbitrária" na operação e o procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu esclarecimentos ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PSC), e a outras autoridades estaduais sobre as circunstâncias da operação.
Bolsonaro, que tem nos membros das forças de segurança uma importante base eleitoral, defende o que chama de "excludente de ilicitude" para que agentes de segurança pública fiquem isentos de punição por atos cometidos em serviço. Entidades de defesa dos direitos humanos afirmam que a proposta criaria uma licença para matar.