A angustiante carta de amor de 445 anos encontrada em tumba da Coreia do Sul
Aventuras Na História
Em 2013, circulou na mídia a informação de que arqueólogos da Universidade Nacional de Andong, na cidade de Andong, na Coreia do Sul, encontraram tumba de um homem mumificado que, até seu leito, levou outro achado interessante: cartas. O material foi descoberto e traduzido nos anos 2000.
Conforme os estudiosos, as correspondências continham mensagens de sua esposa, sendo uma delas particularmente comovente, escrita pela mulher do falecido que, na ocasião, estava grávida.
De acordo com o Daily Mail, o homem enterrado naquela tumba se chamava Eung-tae, tinha aproximadamente 1,75m de altura e, além da própria carta de amor, existiam outras 12 mensagens e um par de chinelos com o cabelo da esposa do finado. A carta, no caso, teria sido depositada no peito do falecido, para que pudesse "olhar atentamente para esta carta e vir a mim em meus sonhos e mostrar-se em detalhes", conforme escrita.
Além disso, em seu conteúdo também pergunta por que Eung-tae deixou-a com o bebê para cuidar, e confessa não saber como conseguiria viver sem ele: "Eu simplesmente não posso viver sem você. Eu só quero ir até você. Por favor, me leve até onde você está. Não posso esquecer meus sentimentos por você neste mundo e minha tristeza não conhece limites."
Eung-tae
Embora não se saiba muito sobre a mulher que deixara as cartas na sepultura de Eung-tae, estudiosos acreditam saber um pouco mais sobre o homem. De acordo com o Daily Mail, ele pode ter sido um antigo membro do clã coreano Goseong Yi — a carta foi escrita em 1586. Além disso, como sua pele e barba estavam bem conservadas, foi possível constatar que ele provavelmente também era elegante em vida.
O bigode escuro me fez sentir que ele deve ter uma aparência encantadora", brincou o ex-diretor do Museu da Universidade Nacional de Andong, Se-kwon Yim, em entrevista repercutida pelo Archaeology Journal.
Carinho com os mortos
Outro artefato curioso encontrado na cova de Eung-tae foi o par de chinelos com cabelo feminino, embrulhados em um delicado pacote de papel. Na embalagem, estava escrito: "com meu cabelo eu teço isso [...] antes mesmo de você poder usá-lo."
Embora o recebimento de chinelos pareça incomum na sociedade ocidental, vale pontuar que, na literatura coreana, eles são vistos como um símbolo de amor e de esperança na recuperação de uma doença.
Além de estudar as mudanças na hierarquia e na ideologia, os arqueólogos que investigam as tumbas muitas vezes se perguntam sobre o caráter do falecido, os pensamentos dos enlutados e suas esperanças e medos sobre a morte de uma pessoa querida para eles. Neste enterro extraordinário da Coreia, ouvimos essas vozes diretamente", disse o chefe do departamento de arqueologia da Universidade de Durham, Chris Scarre, ao International Business Times.
Confira a transcrição completa da carta abaixo. O conteúdo foi traduzido pelo site Archeology em 2010.
"Para o pai de Won, 1º de junho de 1586
Você sempre disse: ‘Querida, vamos viver juntos até que nossos cabelos fiquem grisalhos e morram no mesmo dia. Como você pode morrer sem mim? Quem eu e nosso garotinho devemos ouvir e como devemos viver? Como você pode seguir em frente de mim?
Como você trouxe seu coração para mim e como eu trouxe meu coração para você? Sempre que nos deitávamos juntos, você sempre me dizia: "Querida, as outras pessoas se amam e se amam como nós? Elas são realmente como nós?" Como você pode deixar tudo isso para trás e ir na minha frente?
Eu simplesmente não posso viver sem você. Eu só quero ir até você. Por favor, me leve até onde você está. Meus sentimentos por você não posso esquecer neste mundo e minha tristeza não conhece limites. Onde eu colocaria meu coração agora e como posso viver com a criança sentindo sua falta?
Por favor, olhe esta carta e conte-me em detalhes em meus sonhos. Porque quero ouvir detalhadamente o que você diz em meus sonhos. Escrevo esta carta e a coloco. Olhe com atenção e fale comigo.
Quando dou à luz a criança em mim, a quem devo chamar de pai? Alguém pode imaginar como me sinto? Não há tragédia como esta sob o céu.
Você está apenas em outro lugar, e não em uma dor tão profunda quanto eu. Não há limite e fim [para minhas tristezas] que escrevo grosseiramente. Por favor, olhe atentamente para esta carta e venha a mim em meus sonhos e mostre-se em detalhes e diga-me. Acredito que posso te ver em meus sonhos. Venha a mim secretamente e mostre-se. Não há limite para o que quero dizer e paro por aqui".