Amélia, a imperatriz que recuperou o hábito de tomar café após o almoço
Aventuras Na História
Nascida em Milão, na Itália, e criada em Munique, na Alemanha, Amélia de Leuchtenberg era uma jovem princesa de apenas 17 anos quando viajou para o Brasil para desposar o imperador Dom Pedro I.
A decisão tinha seus pontos negativos: na época, o governante do Brasil não apenas era um viúvo com cinco filhos do primeiro casamento — que foi com a Dona Maria Leopoldina, falecida em 1826 devido às complicações de um aborto espontâneo — como também possuía fama de mulherengo. Outros de seus filhos mais conhecidos, inclusive, eram com a amante, a lendária Marquesa de Santos.
Outro ponto complicado era que a princesa precisou se mudar para o outro lado do Atlântico, para uma terra de clima e costumes totalmente diferentes daqueles com os quais ela estava acostumada.
Por outro lado, o casamento serviu para aumentar o status social de Amélia, que se tornou ninguém menos que a parceira de um imperador. Para Dom Pedro I, por sua vez, as vantagens consistiam em conseguir uma segunda esposa jovem, bonita, católica e também de família nobre — vale apontar aqui, afinal, que sua pretendente era neta de Napoleão Bonaparte.
Lançadora de tendências
Amélia, apesar de jovem e recém-chegada, imediatamente se tornou uma lançadora de tendências no Brasil.
Conforme explicado pela pesquisadora Cláudia ThoméWitte, que pesquisou a figura histórica durante duas décadas e publicou no último mês de agosto o livro "D. Amélia: A História Não Contada — A neta de Napoleão que se tornou imperatriz do Brasil", uma dessas tendências popularizadas pela nova esposa de Dom Pedro I foi o cafezinho de depois do almoço.
A bebida energética, vale mencionar, já era consumida no Brasil, mas em um contexto diferente: fazia parte somente do café-da-manhã. Segundo repercutido pela Folha de São Paulo, que realizou uma entrevista com a autora, o típico desjejum brasileiro da época incluía um copo grande de café, além de uma refeição de peso, que contava com carne e legumes.
Já depois do almoço, o costume era de se consumir uma bebida alcoólica, o que havia sido pego emprestado de Portugal. O hábito disseminado por Amélia, por sua vez, era trazido da Alemanha, de acordo com Witte:
Na Baviera [região onde a imperatriz foi criada, hoje parte da Alemanha], eles tinham o hábito de tomar uma xícara pequena de café forte depois do almoço, momento em que no Brasil e em Portugal se costumava tomar um licor, um vinho do porto", narrou a biógrafa.
Ao verem a imperatriz tomando sua xícara de café pós-almoço, os membros da corte brasileira passaram a copiá-la, e eventualmente a população também, em um costume que acabou atravessando gerações e se mantendo presente no país até os dias atuais.