Antigos artefatos do Neolítico são achados em assentamento submerso em lago
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Debaixo das águas do Lago Bracciano, perto de Roma, na Itália, mais especificamente no sítio arqueológico de La Marmotta — a 11 metros de profundidade —, pesquisadores encontraram, recentemente, antigos restos de tecidos, cestos e cordas, todos pertencentes ao remoto período Neolítico.
A equipe de cientistas relata que o assentamento submerso foi descoberto há algumas décadas, em 1989, e nesse tempo diversos itens já foram ali encontrados. "Duas décadas de escavação em La Marmotta identificaram mais de uma dúzia de habitações e um enorme conjunto de restos orgânicos", dizem os pesquisadores. "Essas habitações — de 8 a 10m de comprimento e aproximadamente 6m de largura — eram retangulares, com divisórias internas e uma lareira central."
Os artefatos descobertos mais recentemente — descritos em estudo publicado em 23 de fevereiro de 2023 na revista Antiquity —, antigos fragmentos têxteis, ainda estão sendo analisados por pesquisadores da Universidade de Copenhague, na Dinamarca. Entre os apontamentos feitos, um baseado em um fragmento de cordão sugere que os tecidos eram feitos de fibras vegetais; já o cordão, de linho.
Ao todo, 28 fragmentos de cordão, dois pedaços de fio e 43 fragmentos de cestaria — alguns ainda com resíduos de alimentos — foram identificados no sítio de La Marmotta, de acordo com a Revista Galileu. Além deles, também havia ali 78 pesos de tear, três espirais de fuso e 34 ferramentas de madeira, algumas fragmentadas, provavelmente utilizadas no processo de tecelagem.
Conforme descrevem os pesquisadores envolvidos no estudo, esses achados traçam "uma imagem mais completa da experiência tecnológica das sociedades neolíticas e sua capacidade de explorar e processar materiais vegetais para produzir uma ampla gama de artesanato."
Fuga às pressas
O que pode justificar o abandono dos artefatos encontrados no Lago Bracciano, onde se encontra o antigo assentamento Neolítico, é um possível aumento repentino do nível da água, decorrente de uma intensa atividade vulcânica e tectônica, que levou as pessoas que ali viviam a fugir sem levarem consigo todos os itens, conforme supõem os pesquisadores.
Agora, as escavações do assentamento de La Marmotta seguem em andamento, sendo que os arqueólogos acreditam terem explorado somente 25% do local.
"Os 28 fragmentos de cordão de La Marmotta podem representar apenas uma pequena fração da cultura material, incluindo roupas, ferramentas e recipientes que foram confeccionados e utilizados pelos habitantes do sítio, e ainda nos faltam muitos outros objetos cuja presença é apenas implícita, como teares", afirmam, por fim, os estudiosos.