Brasileiro que impediu ataque na Irlanda critica protestos anti-imigração
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Na última quinta-feira, 23, jornais irlandeses registraram que aconteceu, na cidade de Dublin, um ataque a uma escola por um homem armado com uma faca. Porém, o ato — que feriu cinco pessoas, das quais três eram crianças — foi interrompido por um outro homem que passava por ali: Caio Benício, brasileiro que vive na Irlanda há um ano.
Benício, que trabalha no país como motoboy, passava próximo ao local do ataque quando presenciou o que, a princípio, pensou ser uma discussão de casal. Quando prestou mais atenção, porém, percebeu que era um ataque em uma escola, que já tinha ferido inclusive uma criança, o que o fez sair da moto e, com seu capacete, golpear o agressor, que caiu.
Eu também tenho dois filhos, então tive que fazer alguma coisa. Eu fiz o que qualquer um faria. As pessoas estavam lá, mas não puderam intervir porque ele estava armado, mas eu sabia que poderia usar meu capacete como arma", relatou Caio Benício ao jornal irlandês The Journal.
Apesar do que o brasileiro fez, o ataque na escola foi estopim para a realização de uma série de manifestações anti-imigração na Irlanda. Isso porque depois começou a correr boatos, disseminados especialmente pela extrema-direita, de que o suspeito de realizar o ataque seria um estrangeiro.
Para Caio Benício, também em entrevista ao The Journal, os protestos "não fazem sentido algum". "Eu mesmo sou imigrante e eu que ajudei", afirmou.
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Vale mencionar que essas manifestações, que deixaram um rastro de destruição na capital irlandesa, com depredação de janelas e saques em lojas, fizeram a polícia prender 34 pessoas. O chefe da corporação também descreve o grupo como uma "facção lunática e vândala impulsionada por uma ideologia de extrema direita."
Ser irlandês
As manifestações ocorridas na Irlanda, de acordo com o Estadão, evidenciam uma profunda crise habitacional vivida no país nos últimos anos, na qual muitos irlandeses acusam o governo de dar tratamento especial a refugiados. Em meio aos protestos, ouvia-se gritos de "a Irlanda está cheia."
Em meio a isso, o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, buscou tranquilizar a comunidade imigrante no país, afirmando que o país seria "muito inferior" sem eles. "Ser irlandês é mais do que saudar o tricolor [a bandeira irlandesa] e bater no peito e apontar para onde você nasceu. Significa viver de acordo com os ideais representados pela nossa bandeira e agir com compaixão", disse.