Cartas confiscadas de navios espanhóis no século 18 são reveladas
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A partir desta sexta-feira, 24, inúmeros documentos históricos do século 18 poderão ser consultados gratuitamente na internet pelo site do Prize Papers Portal. A organização divulgou que, entre os papéis, estão cartas enviadas à América por navios espanhóis capturados pelo Reino Unido.
Os documentos catalogados foram enviados de 35 mil embarcações, capturadas entre 1652 e 1815. Segundo o Arquivo Nacional Britânico, todas as correspondências serão disponibilizadas no portal até 2037.
Não sabemos quantos destes navios eram espanhóis. Era o segundo país com mais apreensões depois da França. Devido às muitas disputas com o Reino Unido, 20% desses navios poderiam ser espanhóis, mas isso não pode ser garantido", explicou Oliver Finnegan, pesquisador do Arquivo Nacional, à AFP.
Um estudo, que se concentrou em 130 embarcações espanholas capturadas pelos britânicos durante a Guerra da Orelha de Jenkins (1739 – 1748) e a Guerra da Sucessão Austríaca (1740 – 1748), analisou o navio “La Ninfa”, levou mais de 100 cartas da Espanha até o México.
Correspondências
Em uma das cartas, Francisca Muñoz, de Sevilha, na Espanha, questiona o marido, Miguel Atocha, no México, pela falta de notícias. “Gostaria de saber o motivo de ter escrito treze cartas para você e nenhuma ter tido resposta. Gostaria de saber se não há papel, caneta ou tinta para escrever uma”, disse Francisca em uma correspondência que Miguel nunca chegou a ler.
À AFP, Elena Barroso, doutora em Conservação Preventiva de Documentos, que participou do projeto organizado pelo Arquivo Nacional, explicou que a preservação dos documentos permanece um mistério.
“As marinhas pediam aos navios que jogassem tudo na água ou destruíssem quando avistassem o inimigo. Levavam ouro, prata, cacau…”, disse a espanhola.
A carta que li que mais me emocionou é a de um senhor andaluz, de Las Alpujarras, que escreve à sua mãe, anunciando que se tornou sacerdote no Peru e lhe envia a fita que o bispo lhe deu, lamentando que não poderá mais responder à mãe”, concluiu a pesquisadora.
A digitalização dos documentos se deu graças a colaboração entre especialistas dos Arquivos Nacionais da Grã-Bretanha e da Universidade de Oldenburg, na Alemanha. No total, são 4.088 arquivos contendo centenas de milhares de cartas escritas em 20 idiomas.