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Diários revelam como Pequena Idade do Gelo moldou vida na Transilvânia
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Diários revelam como Pequena Idade do Gelo moldou vida na Transilvânia

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Aventuras Na História
13/02/2025 16h30
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Um novo estudo realizado por pesquisadores da Romênia se debruçou em documentos centenários, a fim de compreender como as mudanças climáticas da Europa no século 16 impactaram a vida na Transilvânia, a partir do ponto de vista dos habitantes.

Para o estudo, foram analisados várias fontes antigas, incluindo diários, notas de viagem e registros de monastérios sobre as mudanças do clima na época, e como elas impactaram nas sociedades, bem como na agricultura, na saúde pública e na estabilidade populacional. O estudo foi publicado na última quarta-feira, 12 de fevereiro, na Frontiers in Climate.

Vale mencionar que, entre 1300 e 1850, a Europa viveu um período conhecido como Pequena Era do Gelo. Essa época é frequentemente associada a períodos de fome generalizada, convulsões sociais e até mesmo disseminação de doenças.

Anteriormente, técnicas científicas — como análises de núcleos de gelo ou amostras de sedimentos — já produziram informações sobre o clima nessa época. Porém, o estudo recente se faz relevante pois, ao examinar "arquivos da sociedade", oferece um ponto de vista centrado nas pessoas que viveram a Pequena Era do Gelo.

Estudar registros climáticos do arquivo da sociedade é tão crucial quanto analisar proxies naturais", opina Tudor Caciora, geógrafo da Universidade de Oradea e coautor do estudo, em comunicado. "Ele fornece uma perspectiva centrada no ser humano sobre eventos climáticos passados".

Mudanças climáticas

Conforme repercute o Archaeology News, mesmo que muitas regiões da Europa Ocidental tenham sido afetadas por um resfriamento na época, a Transilvânia ainda viu o clima quente mais frequentemente que o frio, o que indica que a região provavelmente só sentiu os efeitos da Pequena Era do Gelo mais tarde que outras áreas.

Um relato do verão de 1540, durante a primeira metade do século 16, por exemplo, descreve que a Transilvânia experimentou altas temperaturas e condições de seca na época: "As fontes secaram e os rios diminuíram para meros fios. O gado caiu nos campos e o ar estava denso de desespero enquanto as pessoas se reuniam em procissões, rezando por chuva", descreve Caciora. "Este relato vívido ressalta as dimensões emocionais e espirituais de viver em extremos climáticos".

Porém, mais próximo do fim do século, os padrões mudaram drasticamente, com diversos registros de fortes chuvas e inundações, em especial durante a década de 1590. Essa fase coincide com uma época de intensificação na Pequena Era do Gelo no restante da Europa — que só trouxe relatos de invernos rigorosos mais posteriormente.

Essas flutuações climáticas tiveram impactos de longo alcance por toda a Europa, visto que propiciou a propagação de eventos catastróficos, como a própria Peste Negra, períodos de fome e invasões de gafanhotos. Por outro lado, mesmo que esses desastres tenham acarretado em consequências sociais e econômicas profundas, essa ainda foi uma fase que inspirou inovação.

As cidades podem ter adotado infraestrutura resistente a inundações ou migrado para áreas mais favoráveis. Os desafios também podem ter estimulado inovações tecnológicas, como sistemas de irrigação aprimorados ou instalações de armazenamento", explica Caciora.

Agora, por mais que as descobertas dos textos forneçam novas visões sobre o período estudado, o estudo reconhece uma série de limitações. Por exemplo, como a alfabetização não era generalizada, os registros são fragmentados, subjetivos e localizados, além de que nem todos os anos do século 16 foram contemplados com relatos. Ainda assim, o estudo demonstra como as mudanças climáticas são cruciais e impactam diretamente na vida das populações e na condução da história humana.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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