Dois homens são açoitados em público na Indonésia por relações homossexuais
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Dois jovens, de 18 e 24 anos, foram açoitados publicamente na província de Aceh, na Indonésia, após serem condenados por um tribunal islâmico por manterem um relacionamento homossexual. A punição, baseada na lei religiosa sharia, ocorreu nesta quinta-feira, 27, em um parque na capital, Banda Aceh, diante de dezenas de pessoas.
Segundo a imprensa local, os estudantes foram denunciados por vizinhos que os flagraram juntos em um quarto, em novembro. O mais velho recebeu 85 chicotadas, enquanto o outro foi punido com 80. Embora a homossexualidade não seja crime no restante da Indonésia, Aceh tem legislação própria que criminaliza relações entre pessoas do mesmo sexo.
O caso gerou críticas de organizações de direitos humanos, que denunciam a perseguição à população LGBTQ+ no país. "A intimidação, discriminação e abusos contra pessoas LGBTQ em Aceh são como um poço sem fundo", declarou Andreas Harsono, pesquisador para a Indonésia da Human Rights Watch, à AFP.
O que é a sharia?
A sharia é o conjunto de leis islâmicas baseadas no Alcorão, na suna — que reúne as tradições do profeta Maomé — e na interpretação de estudiosos ao longo da história. Seu alcance vai além das normas religiosas e morais, abrangendo também aspectos civis, criminais e familiares.
A forma como a sharia é aplicada varia conforme o país e a escola de pensamento islâmico adotada. No caso das relações homossexuais, grande parte das interpretações tradicionais as consideram proibidas, fundamentando-se em passagens do Alcorão e nos hadiths — relatos sobre os ensinamentos e práticas de Maomé — que condenam atos sexuais entre pessoas do mesmo sexo.
Conforme explica o jornal O Globo, as punições para homossexualidade diferem de acordo com a legislação de cada nação. Em países como Irã, Arábia Saudita, Afeganistão e algumas regiões da Nigéria, as penas podem incluir prisão severa ou até mesmo a pena de morte.
Já na Indonésia e no Egito, a aplicação da sharia pode resultar em sanções como multas, encarceramento ou punições físicas, como as chibatadas impostas recentemente a dois jovens em Aceh.
Embora a visão tradicional da sharia condene relações homossexuais, sua interpretação não é uniforme. Alguns estudiosos e grupos progressistas dentro do Islã defendem uma abordagem mais inclusiva, destacando princípios como compaixão, privacidade e liberdade individual, e argumentam que punições extremas não condizem com os valores do mundo contemporâneo.
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