Estudo tenta desvendar enigmáticas 'lanternas fantasmas' da Carolina do Sul

Por décadas, a cidade de Summerville, na Carolina do Sul, tem sido palco de avistamentos de misteriosas “lanternas fantasmas”.

Essas esferas luminosas flutuantes, vistas com frequência próximo a antigos trilhos ferroviários, inspiraram lendas locais que sugerem se tratar das lanternas carregadas pelo espírito de uma mulher que perdeu o marido em um acidente de trem.

Não se sabe ao certo quando os orbes foram avistados pela primeira vez, mas os registros mais comuns datam de meados do século XX. As luzes são descritas como pequenas esferas brilhantes, geralmente em tons de azul ou verde, flutuando sobre um estreito trecho da Sheep Island Road, onde antigamente passava uma linha ferroviária.

Além das luzes, moradores relataram carros tremendo, sussurros estranhos e aparições fantasmagóricas. Outras ocorrências na região incluem portas batendo, sons de passos, animais agitados e objetos se movendo sem explicação aparente, repercute a Live Science.

Recentemente, Susan Hough, sismóloga do Serviço Geológico dos EUA (USGS), investigou esses fenômenos e sugeriu que eles podem ter ligação com um raro fenômeno geológico conhecido como luzes de terremoto.

Segundo declarou o USGS, essas luzes consistem em esferas brilhantes, faíscas e correntes que surgem antes, durante ou logo após abalos sísmicos. Embora ainda não tenham sido estudadas de forma conclusiva, há diversos relatos anedóticos sobre essas ocorrências ao longo dos anos.

Causas

Uma explicação amplamente aceita para as luzes de terremoto é a combustão de gases subterrâneos, como metano e radônio, que escapam do solo durante a atividade sísmica. Uma simples faísca, gerada por eletricidade estática ou pelo atrito de pedras, pode iniciar o brilho.

Hough acredita que essa teoria se encaixa nos eventos de Summerville. Seu estudo foi publicado em 22 de janeiro no periódico Seismological Research Letters. Ela observou que, em agosto de 1959, um terremoto de magnitude 4,4 foi registrado a cerca de 4 quilômetros do local onde ocorrem os avistamentos. 

Além disso, outros dois pequenos terremotos foram relatados na região no final de 1960. Pequenos tremores podem ter ocorrido desde então, mas, não foram percebidos.

A atividade sísmica também poderia explicar outros fenômenos considerados paranormais na região. Vibrações em carros, portas que batem sozinhas e objetos que se movem podem ser resultado de tremores. Animais e pássaros também podem reagir de forma nervosa a essas movimentações, mesmo que sejam leves. 

Quanto à faísca que daria origem às luzes, Hough destaca na pesquisa que trilhos de aço e restos de sucata encontrados próximo às ferrovias desativadas podem produzir esse efeito quando sacudidos por tremores.

Embora essa hipótese ainda seja especulativa, ela pode ser testada medindo as emissões de gases do solo nas áreas dos avistamentos e instalando sensores para monitorar atividades sísmicas e falhas subterrâneas.

Se comprovada, essa conexão pode contribuir para a compreensão da geologia da América do Norte, uma vez que a região central e oriental dos EUA tem poucos dados sobre terremotos e falhas ativas.