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Linha de Wallace: A fronteira biológica que separa espécies de animais
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Linha de Wallace: A fronteira biológica que separa espécies de animais

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Aventuras Na História
23/02/2025 19h00
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A Linha de Wallace é uma barreira biogeográfica imaginária que atravessa o Sudeste Asiático e separa as espécies da Ásia das espécies da Oceania. Sua presença sempre intrigou exploradores, que se perguntavam por que duas ilhas tão próximas poderiam ter faunas tão distintas.

De um lado, encontram-se animais típicos do sudeste asiático, como tigres, elefantes e rinocerontes; do outro, predominam espécies características da Austrália, como cangurus e coalas.

Em 1863, o naturalista Alfred Russel Wallace propôs essa divisão ao notar que, embora Bornéu e Sumatra compartilhassem fauna com o continente asiático, Sulawesi e ilhas adjacentes possuíam animais mais semelhantes aos da Austrália, repercute o National Geographic.

Ele percebeu que a barreira estava associada a uma peculiaridade geográfica: enquanto muitas ilhas da região estiveram ligadas por pontes terrestres durante as eras glaciais, uma fenda oceânica profunda, o Estreito de Makassar, jamais secou completamente. Isso impediu a migração de diversas espécies, mantendo-as isoladas e permitindo que evoluíssem separadamente.

Essa separação é tão marcante que nem mesmo algumas aves, capazes de voar entre os territórios, ultrapassam a fronteira biogeográfica. Bandos asiáticos prosperam em um lado, enquanto grupos de cacatuas australianas permanecem no outro. 

Formação

A chave desse fenômeno está na geografia submersa da região. No passado, África, Índia, Austrália, Antártica e outros continentes faziam parte de um único bloco terrestre. Com o movimento das placas tectônicas, essas massas se separaram, e algumas colidiram.

Quando a Austrália se desprendeu da Antártida, chocou-se com a placa asiática, formando o Arquipélago Malaio. Esse processo também criou um oceano profundo ao redor da Antártida, onde surgiu a Corrente Circumpolar Antártica (ACC), essencial para a regulação climática global.

Durante as eras glaciais, o nível do mar baixava, criando pontes terrestres que permitiam a migração de algumas espécies entre as ilhas. No entanto, o Estreito de Makassar jamais secou completamente, impedindo a travessia de muitos animais.

Assim, enquanto tigres e elefantes asiáticos avançaram até a Nova Guiné e o norte da Austrália, os marsupiais não puderam retornar pelo mesmo caminho. Mesmo aves, que poderiam facilmente sobrevoar a barreira, tendem a permanecer onde há alimento e condições favoráveis. 

Impactos

Além de moldar a distribuição da fauna, a Linha de Wallace teve um impacto significativo no campo da biogeografia, influenciando o pensamento evolucionista do século XIX.

Wallace e Charles Darwin usaram suas observações para embasar a teoria da seleção natural, demonstrando como barreiras geográficas impulsionam a formação de novas espécies, conforme conta o National Geographic.

Além da vida selvagem, a Linha de Wallace também tem sido objeto de estudo no contexto humano. Desde os primeiros relatos de navegadores europeus, notou-se que as populações a oeste da linha possuíam características associadas aos povos malaios, enquanto as a leste tinham semelhanças com os papuas.

Durante décadas, essas observações foram usadas para justificar distinções raciais, e debates sobre a diversidade humana na região persistem até hoje.

O impacto dessa fronteira se estende ainda para a cultura e a política. A geografia que moldou a distribuição das espécies também influenciou rotas migratórias, trocas comerciais e interações entre diferentes sociedades. Hoje, pesquisadores analisam como fatores como mudanças climáticas e perda de habitat podem alterar as barreiras ecológicas e culturais ao longo do tempo.

Novos estudos

Em 2023, pesquisadores da Universidade Nacional Australiana e da ETH Zurique analisaram dados de mais de 20 mil espécies para entender melhor a influência dessa divisão. Os resultados, publicados na revista Science em 2023, indicam que a fronteira traçada no século XIX pode não ser tão rígida quanto se pensava. 

Outros cientistas, como Jason Ali e sua equipe da Universidade de Hong Kong, sugerem um redesenho da linha, argumentando que algumas massas de terra deveriam ser classificadas no lado australiano da fronteira biogeográfica.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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