Mistério envolvendo navio do Barba Negra é resolvido depois de 300 anos
Aventuras Na História
Durante a chamada Era de Ouro da Pirataria, diversos nomes de piratas famosos ficaram amplamente conhecidos, criando quase que lendas próprias em torno dos capitães de alguns navios. E graças a elas, muitas dessas figuras se tornaram, hoje, ícones da cultura pop e, por isso, muita gente nem mesmo sabe que foram pessoas reais, acreditando se tratar apenas de personagens.
Um exemplo de pirata que as vezes surpreende uma pessoa ou outra quando descobrem que existiu de verdade é o temido Barba Negra, ou também conhecido por seu nome real, Edward Teach. E como digno de um dos piratas mais famosos que já existiu, sua famosa embarcação, a Queen Anne's Revenge, também é envolta em mistério.
Naufragado na costa da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, em 1718, o navio foi redescoberto no final de 1996 pela Intersal, uma empresa privada que trabalha com recuperação de marinha. Porém, desde que foi encontrado, uma grande surpresa saltou os olhos dos pesquisadores: ele estava repleto de carvão em seu interior.
A surpresa se deve principalmente pelo fato de que, na época do naufrágio, o mineral sequer era usado em embarcações, sendo este um costume que surgiu em 1870, bem mais de um século depois de o navio afundar. Inicialmente, pensou-se que aquele carvão seria utilizado para cozinhar ou aquecer o navio, mas nenhuma evidência para essa hipótese foi encontrada.
Queríamos descobrir de onde esse carvão poderia ter vindo naquela época em particular, antes que houvesse qualquer mineração de carvão de qualquer tipo neste país", disse James Hower, professor pesquisador do Centro de Pesquisa Energética Aplicada do Reino Unido (CAER), no estudo.
Análises
Os pesquisadores que investigavam mais sobre a origem do carvão do navio de Barba Negra receberam quatro amostras do mineral para desenvolver análises em laboratório e classificá-las. Entre elas, haviam diferentes tipos, como o betuminoso e a antracite.
"O carvão betuminoso de baixa volatilidade geralmente é encontrado na Virgínia. É bom para cozinhar e também foi usado em navios a vapor, porque não emite fumaça quando queima. Já a antracite não costuma ser encontrado em qualquer lugar, muito menos nos EUA. Todas as antracites aqui vêm da Pensilvânia", explica o pesquisador.
Além disso, outro caminho para solucionar o mistério dos carvões do Queen Anne's Revenge estava em descobrir quando essas fontes de carvão estavam ativas. De acordo com o portal Nossa, do UOL, o antracite da Pensilvânia só foi descoberto na década de 1760, com a atividade de mineração só se iniciando em 1800, o que ainda é muito posterior ao naufrágio.
Foi então que, sem conseguir achar uma resposta para a questão, os cientistas perceberam um detalhe: o local em que o Queen Anne's Revenge afundou é próximo a um antigo porto utilizado durante a Guerra Civil americana, em 1862, para reabastecimento de carvão. Os cientistas teriam concluído, portanto, que aquele minério teria alcançado a famosa embarcação graças à maré.
De uma forma ou de outra, alguém usou esse carvão. Não era Barba Negra, mas era a Marinha dos EUA", conclui James Hower.