Riqueza, poder e cristianismo: Quem eram os cavaleiros templários?
Aventuras Na História
Os Templários foram um dos mais poderosos grupos da Idade Média em termos de riqueza, influência política e recursos militares. Eles tinham comunicação direta com o Papa, foram responsáveis por criar um sistema bancário primitivo (chegando a fazer empréstimos a reis) e até mesmo tiveram um papel no impulsionamento das Grandes Navegações.
Em vídeo recente de seu canal homônimo no Youtube, o escritor e pesquisador Paulo Rezzutti resgata a impressionante trajetória da ordem religiosa na Europa medieval — que a certo ponto se tornou praticamente um "Estado à parte", segundo considera o criador de conteúdo.
Início
A Ordem do Templo, que, na verdade, se chamava "Os Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão" foi fundada pelo fidalgo francês Hugo de Payens, que contou com o apoio de outros oito cavaleiros.
Neste início modesto, o objetivo da organização era apenas oferecer proteção a cristãos em peregrinação para Jerusalém, cidade considerada sagrada pela crença religiosa.
As viagens não eram como as de hoje, que você pega um avião e chega rapidamente onde quer ir. [Na época] você tinha que atravessar boa parte da Europa, o Mediterrâneo e o norte da África para chegar até Jerusalém, e no meio disso enfrentar diversos perigos, como a possibilidade de ser atacado por ladrões", apontou Rezzutti.
Eles ganharam reconhecimento do Papa ainda no século 12, ao que obtiveram uma série de privilégios, incluindo o direito de seu líder se comunicar diretamente com o pontífice durante suas tomadas de decisão.
Outro ponto importante é que os templários, embora precisassem fazer um voto de pobreza antes de se juntar à ordem, possuíam muitos recursos financeiros. Isso, pois, famílias nobres costumavam enviar seus segundos filhos homens para levar uma vida honrosa neste meio militar e cristão, e, com isso, os bens desses aristocratas passavam para as mãos do grupo.
Como eles [os segundos filhos] não eram herdeiros, esperava que se dedicassem à guerra ou à religião, ou, no caso, aos dois juntos", explicou Paulo Rezzutti no vídeo citado.
À medida que crescia em relevância na Europa, a Ordem do Templo criou uma espécie de sistema bancário primitivo: os peregrinos entregavam seu ouro aos cavaleiros antes de saírem em viagem. O objetivo é que fosse mantido em segurança, recebendo em troca um documento atestando qual o valor deixado aos cuidados do grupo.
Depois, quando esse viajante chegava em Jerusalém, podia novamente ir atrás dos cavaleiros templários dali e conseguia obter seu ouro de volta mostrando o documento. O serviço, é claro, tinha uma taxa, o que permitiu aos templários enriquecerem.
A riqueza da ordem cresceu tanto que os cavaleiros chegaram a fazer empréstimos a reis, tal como Jaime I de Aragão, que governava a Espanha, Henrique III da Inglaterra e Filipe IV da França.
Esse último, porém, acabou sendo responsável por levar os cavaleiros templários praticamente à extinção quando percebeu que havia criado uma dívida que não conseguiria pagar.
Obstáculos
Na tentativa de se livrar da Ordem do Templo, o rei Filipe IV mandou matar dois papas diferentes e também deu início a uma verdadeira campanha de difamação, espalhando mentiras escandalosas a respeito dos membros da ordem.
Com uso de declarações feitas por membros que tinham sido expulsos dos templários por vários motivos e também confissões obtidas sob tortura, Filipe fez uma lista de acusações contra a ordem. Eles foram acusados de heresia, imoralidade, idolatria e homossexualidade, por exemplo. Disseram que eles adoravam uma cabeça barbada, um gato e até um demônio chamado Baphomet, que os novos membros eram obrigados a cuspir na cruz e negar Cristo três vezes e vários outros absurdos sem fundamento", relatou Rezzutti.
Por conta desses boatos, os Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão passaram por perseguições e execuções na fogueira, além da ordem, ter sido oficialmente dissolvida pelo Papa da época.
Após a morte do monarca francês em 1314, porém, ocorreu um 'renascimento' dos templários sob a proteção da realeza de Portugal, com os membros sobreviventes buscando se reunir no país.
Um detalhe interessante, é que esses integrantes levaram consigo seus conhecimentos a respeito de navegação para o território, o que teria, inclusive, impactado a maneira como os portugueses se destacaram durante das Grandes Navegações.
Para saber mais sobre a maneira como essa poderosa ordem cristã influenciou a Europa durante a Idade Média, confira na íntegra o vídeo de Paulo Rezzutti abaixo: