Robert 'Rosie' Rosenthal: O piloto da Segunda Guerra que 'não podia morrer'
Aventuras Na História
Era 1º de setembro de 1939 quando aconteceu, em meio a Europa, um evento que mudaria para sempre o mundo e a humanidade: a Alemanha, que vivia seu Terceiro Reich — ou seja, era a Alemanha governada por Adolf Hitler —, invadiu a Polônia, e a Segunda Guerra Mundial teve seu início.
Graças a esse evento histórico, o mundo enfrentou diversas modificações. Nesse período surgiram os protótipos dos primeiros computadores, após ele ocorreram as primeiras explorações espaciais, os helicópteros... Mas também deu mais força ao antissemitismo, e foi contexto para a criação da bomba atômica — um dos feitos mais mortais de toda a história.
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Tamanha mortalidade se deve ao fatídico acontecimento ocorrido nos dias 6 e 9 de agosto de 1945: a detonação das bombas em Hiroshima e Nagasaki, no Japão, que culminou na morte de mais de 135 mil pessoas e encerraria definitivamente a guerra.
Este ataque, por sua vez, por muitos é considerado uma resposta quase pessoal a outro ministrado anos antes pelo adversário: o Ataque a Pearl Harbor, de 7 de dezembro de 1941. Foi a partir desse momento que os Estados Unidos entraram na guerra, ao lado dos Aliados (Inglaterra, França e URSS), contra o Eixo (Alemanha, Itália e Japão).
Foi também após o chocante Ataque de Pearl Harbor que, especificamente no dia seguinte, um jovem advogado norte-americano de 25 anos chamado Robert Rosenthal decidiu se alistar nas Forças Aéreas para lutar na guerra para combater os nazistas. No fim, ele não só cumpriu esse objetivo, como ainda usou seu diploma para processar alguns que restaram depois.
Robert 'Rosie' Rosenthal
Robert Rosenthal nasceu no Brooklyn em 11 de junho de 1917, e durante grande parte de sua vida sequer pensou em se tornar piloto. Estudou no Brooklyn College, depois na Brooklyn Law School, e começou a trabalhar como advogado após se formar em 1941, de acordo com o site All That's Interesting.
No entanto, como todo o mundo, ele sempre esteve de olho nos eventos-chave da Segunda Guerra. "Eu tinha lido Mein Kampf [livros escritos por Hitler em que ele expressou suas ideias antissemitas, anticomunistas, antimarxistas, racialistas e nacionalistas de extrema-direita, então adotadas pelo Partido Nazista] na faculdade e visto os noticiários dos grandes comícios nazistas em Nuremberg. A nação inteira enlouqueceu. Tinha que ser interrompido", disse Rosenthal mais tarde a Donald L. Miller, que escreveu sua história em 2006 no livro 'Mestres do Ar: os garotos-bomba da América que travaram a guerra aérea contra a Alemanha nazista' (em tradução livre).
Mesmo sendo judeu — foram eles que sofreram com o maior genocídio da história, o Holocausto dos nazistas —, Robert não tinha animosidade para com os nazistas por uma razão pessoal. Ele realmente via Hitler como "uma ameaça para pessoas decentes em todos os lugares". Então, com o Ataque de Pearl Harbor, os Estados Unidos entraram para a guerra e o jovem advogado decidiu se alistar no Corpo Aéreo do Exército para enfrentar os nazistas pessoalmente.
Quando finalmente cheguei, pensei que estava no centro do mundo. O lugar onde as democracias se reuniam para derrotar os nazistas. Eu estava exatamente onde queria estar", disse a Miller.
O Centésimo Sangrento
Na Europa, Robert foi designado para o 100º Grupo de Bombardeios, que viria a ser chamado posteriormente de "Centésimo Sangrento", devido ao grande número de perdas que sofreu entre junho e outubro de 1943.
Conforme relata o The New York Times, era a terceira missão de bombardeio de Robert quando ele enfrentou um dos momentos mais terríveis de sua vida: ele e os 12 aviões de seu grupo foram atacados por cerca de 200 pilotos alemães. O evento posteriormente ficaria lembrado como "a batalha aérea mais violenta daquela guerra, ou de todos os tempos" por outro comandante aéreo.
"Numa situação como essa você não pensa em morrer", lembrou em conversa com Miller. "Você se concentra no que precisa fazer para salvar o avião e a tripulação… Você fica com medo, mas há uma diferença entre medo e pânico. O pânico paralisa; o medo energiza… Na verdade, o único medo que experimentei na guerra foi o medo de decepcionar minha tripulação."
No fim, Robert conseguiu manobrar o avião, além de possivelmente ter tido muita sorte, e fez com que ele e seus homens voltassem bem na base aérea. No entanto, de todos os 13 aviões, o dele foi o único a retornar. "Não me senti aliviado. Eu me senti culpado. Por que eu sobrevivi quando todos aqueles outros homens bons morreram?"
A lenda de Rosenthal
Apesar de ter sido um evento assustador, esse não foi o único encontro com a morte que Robert Rosenthal teve. Ele participou de 52 missões, e em duas delas foi abatido. Na primeira, quebrou um braço e o nariz; na segunda, fraturou o mesmo braço e foi resgatado por soldados soviéticos que quase o mataram, pensando ser um alemão — o que ele resolveu gritando "Americanski! Coca Cola! Golpe de sorte! Roosevelt, Churchill, Stalin!"
Mesmo com todos esses momentos assombrosos, ele não quis deixar a luta: pediu para ser enviado de volta aos céus e assim estabeleceu o que alguns soldados chamariam de a "lenda de Rosenthal". Conforme descreveu posteriormente um de seus colegas, ela era "composta dos seguintes ingredientes: que [Rosenthal] poderia ter parado de voar e que não poderia ser morto".
Mesmo com o fim da guerra na Europa e derrota dos alemães — como já mencionado, a guerra só acabou definitivamente após a derrota dos japoneses —, Rosenthal agitou-se para ser enviado para lutar no Pacífico. Porém, ainda estava treinando para pilotar uma aeronave utilizada pelo exército americano na época quando o Japão se rendeu, em 2 de setembro de 1945.
Com o fim do conflito, Robert 'Rosie' Rosenthal, como ficaria conhecido, emergiu do conflito como um herói, com 16 condecorações. Mas mesmo assim, sua luta contra os nazistas ainda continuaria.
Julgamentos de Nuremberg
De volta aos Estados Unidos, Rosenthal retornou ao seu escritório de advocacia em Manhattan, mas rapidamente surgiu uma oportunidade de se juntar aos Julgamentos de Nuremberg, na Alemanha. Então após a guerra ele ainda ajudaria a processar e prender alguns nazistas.
Ainda de acordo com o All That's Interesting, Robert Rosenthal interrogou algumas figuras bem notórias dos nazistas, como Hermann Göring, comandante da força aérea alemã, e Wilhelm Keitel, um importante general.
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Ver esses conquistadores empertigados depois de serem condenados — impotentes, patéticos e se preparando para o carrasco — foi o encerramento que eu precisava."
Após isso, finalmente Robert retornou à sua vida civil comum: casou-se — conheceu a esposa a caminho de Nuremberg, ela também era advogada —, teve filhos, netos e bisnetos. Até que morreu em 20 de abril de 2007, aos 89 anos, vivendo finalmente uma vida tranquila em White Plains, Nova York.