Romance histórico resgata Guerra de Canudos para retratar a fragilidade humana
Aventuras Na História
É sempre satisfatório ler romances que resgatam um pedaço da história para ambientar sua narrativa. Em "Entre as Chamas, Sob a Água", o autor R. Colini escolheu a sangrenta Guerra de Canudos para hospedar sua história.
Feito para retratar a brutalidade da guerra, o romance histórico conta a história de um jovem combatente do exército brasileiro, que perde a empatia, a fé e o propósito no meio do massacre. Já acostumado com as estratégias dos militares, ele logo percebe a incompetência do exército para lidar com aquela batalha.
Assim o autor procede a retratar a aridez do sertão baiano e a sua situação miserável, onde a fome e a desidratação predominando, com tropas prontas para dizimar civis ali presentes. O protagonista transita pelos dois lados da guerra, expondo mais detalhes ao leitor, para resgatar uma parte da História do Brasil que jamais deve ser esquecida.
Embora a narrativa busque o lado fictício para contar uma história verdadeira, a vericidade é encontrada principalmente em detalhes, como Antônio Conselheiro e João Abade - alguns personagens históricos que aparecem no livro.
Colini, autor do livro, já era conhecido pela elogiada obra "Curva do Rio" e volta para provar que ainda existe um universo humano a ser explorado, interpretado e atualizado em relação a essa batalha histórica.
"Entre as Chamas, Sob a Água" foi lançado no dia 22 de novembro de 2022 pela Editora Labrador e está disponível na Amazon para ser adquirido nas versões física e eBook Kindle. Confira um trecho da obra abaixo:
Afinal de contas, ainda que Canudos acabe sem que eu morra, mesmo se eu não tivesse vivido entre os dois lados da guerra, sinto que minha vontade de fuga não é vontade de regresso, porque não gostaria de ver mais ninguém, não gostaria de encontrar meu pai, que saberia, no momento em que chegasse, que eu estaria destituído de ilusões e que o filho que partiu não é o mesmo que retorna. Não é vergonha, não é culpa, não é arrependimento; é ausência de vontade de estar entre humanos, é a alma que se foi, farta do que viu."
(Entre as Chamas, Sob a Água, p. 52)