Traumas e pinturas: Os relatos do filho de Bin Laden
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Em uma entrevista de 2022 ao tabloide britânico The Sun, Omar Bin Laden, o quarto filho do terrorista que orquestrou um dos mais infames atentados do século 21 se abriu a respeito de suas experiências crescendo com Osama Bin Laden.
O saudita, que foi executado pelo governo dos Estados Unidos em 2011, é mais conhecido por ser o fundador da Al-Qaeda, a organização fundamentalista islâmica por trás do ataque de 11 de setembro às Torres Gêmeas.
Omar, por sua vez, cresceu ouvindo que deveria seguir o legado do terror de seu pai, entretanto, não quis se juntar ao grupo. Ele saiu do Afeganistão em abril de 2001, quando tinha 20 anos, ao que passou a viver no Catar.
Meu pai nunca me pediu para ingressar na Al-Qaeda, mas ele me disse que eu era o filho escolhido para continuar seu trabalho. Ele ficou desapontado quando eu disse que não era adequado para aquela vida", contou o homem.
Juventude traumática
Segundo o filho de Bin Laden, ele testemunhou em primeira mão episódios de crueldade contra os animais: os alvos dos maus-tratos foram os próprios cachorros de sua família, que foram usados como cobaias para testes com armas químicas. Além disso, ele aprendeu ainda durante a adolescência a manusear uma AK-47, que é um fuzil de assalto criado em 1947.
Hoje na casa dos quarenta, Omar sofre com ataques de pânico devido ao que viveu. Para tentar lidar com os traumas, decidiu se voltar para a arte durante a pandemia de covid-19, de forma que agora ganha a vida como pintor. Sua temática favorita são paisagens montanhosas.
Depois de viver no Afeganistão por cinco anos, meu tema favorito são as montanhas. Elas me dão sensação de segurança, como se eu fosse intocável", acrescentou.
Sua carreira como artista é bem-sucedida. Os quadros são vendidos por até 8,5 mil libras esterlinas cada, ou aproximadamente 53 mil reais na cotação atual.
Marcado pelo pai
Quando recebeu a notícia da morte de Osama Bin Laden, ele alegou que não chorou. Sua relação com a memória do pai é complicada. Conforme apontado por sua esposa, Zaina Bin Laden, é um misto de amor e ódio:
Omar ama e odeia Osama ao mesmo tempo. Ele o ama porque é seu pai, mas odeia o que ele fez", refletiu ela.
Embora tenha conseguido criar para si uma vida relativamente normal, é claro, seu sobrenome ainda chama atenção aonde vai, fazendo com que precise enfrentar o julgamento e a hostilidade dos outros.
Não sei o que fizeram com ele [Osama]. Dizem que o jogaram no oceano, mas não acredito nisso. Achei que estava tudo acabado e que não ia mais sofrer. E eu me enganei, porque as pessoas ainda me julgam hoje", desabafou o homem.