Lula discursa na Cúpula do Futuro da ONU

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez críticas à falta de "ambição e ousadia" da Organização das Nações Unidas (ONU) durante seu discurso na Cúpula do Futuro, que precede a Assembleia Geral da ONU em Nova York. Lula pontuou que o Pacto para o Futuro, a ser assinado pelos líderes mundiais, aponta uma direção a seguir, mas ressaltou a necessidade de maior determinação para que a entidade cumpra efetivamente seu papel diante das atuais crises globais.

O presidente brasileiro destacou a crise de governança global e ressaltou a importância de transformações estruturais para lidar com os conflitos armados, a pandemia, a corrida armamentista e as mudanças climáticas. Lula criticou as limitações das instâncias multilaterais e a falta de autoridade e meios de implementação para fazer cumprir decisões. Ele lamentou a perda de vitalidade da Assembleia Geral e o esvaziamento do conselho econômico e social, e apontou a necessidade de a ONU ocupar novamente um papel central no debate econômico mundial.

No discurso, Lula abordou o Conselho de Segurança da ONU e afirmou que a legitimidade do órgão é comprometida quando aplica duplos padrões ou se omite diante de atrocidades, citando a falta de representatividade condizente com o peso do Sul Global. O presidente ressaltou a necessidade de reformas no sistema da ONU, mencionando avanços como a Comissão para Consolidação da Paz e o Conselho dos Direitos Humanos, mas alertando que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável correm o risco de se tornarem um "fracasso coletivo" devido ao ritmo de implementação atual.

Lula também apontou a importância de acelerar a superação da fome e da pobreza, afirmando que, mantido o curso atual, os esforços de redução de emissões de gases de efeito estufa e de financiamento climático serão insuficientes para garantir a segurança do planeta. O presidente brasileiro destacou a necessidade de um balanço ético global em preparação para a COP30 e ressaltou a importância da justiça, equidade e solidariedade na ação climática.

Em sua fala, Lula propôs a criação de uma aliança global contra a fome e a pobreza durante sua presidência do G20, visando acelerar a superação desses desafios. O presidente manifestou estar empenhado em trabalhar em parceria com o secretário-geral da ONU, António Guterres, para reunir diversos setores da sociedade civil e pensar a ação climática sob a ótica da justiça e solidariedade, visando um balanço ético global e avanços na implementação da agenda de desenvolvimento sustentável.

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