Mauro Cid disse à PF que Moraes foi monitorado para que fosse preso após o golpe
ICARO Media Group TITAN
Durante depoimento prestado à Polícia Federal, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do presidente Jair Bolsonaro, confirmou o monitoramento do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Membros do governo estariam acompanhando a rotina do magistrado com o intuito de prendê-lo após a assinatura de um decreto de golpe de Estado. As informações são da jornalista Bela Megale, do jornal O Globo.
A declaração veio à tona em meio a um inquérito que investiga uma suposta trama golpista envolvendo integrantes do governo de Bolsonaro. Essa investigação resultou em uma operação deflagrada em fevereiro, que teve como alvo o ex-presidente, ex-ministros e ex-assessores, os quais são acusados de tentativa de golpe de Estado e de invalidar as eleições de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com a PF, foi identificado um núcleo de inteligência composto pelo general Augusto Heleno, por Mauro Cid e por Marcelo Câmara, que teria monitorado a agenda, deslocamentos aéreos e a localização de Moraes com o objetivo de garantir sua prisão. Os ex-assessores de Bolsonaro utilizavam o codinome "professora" ao referir-se ao ministro.
Os deslocamentos feitos por Moraes entre Brasília e São Paulo durante esse período coincidem com as informações fornecidas pelos ex-assessores de Bolsonaro, assim como com as reuniões ocorridas no Palácio da Alvorada para discutir a elaboração de um plano golpista.
"Considerando que a minuta do decreto que declarava o Golpe de Estado previa a prisão do ministro Alexandre de Moraes, o acompanhamento e monitoramento da autoridade — inclusive durante o Natal (24/12/2022) — demonstra que o grupo criminoso tinha intenções reais de consumar a subversão do regime democrático, procedendo a eventual captura e detenção do Chefe do Poder Judiciário Eleitoral", afirma a decisão de Moraes na ocasião.
O depoimento de Mauro Cid à Polícia Federal durou mais de nove horas e será importante para o avanço das investigações sobre essa suposta trama golpista envolvendo o governo Bolsonaro. O avanço do caso aguarda novas informações da PF e do Supremo Tribunal Federal.