Turquia interrompe comércio com Israel devido à crise humanitária em Gaza

O governo turco anunciou nesta quinta-feira (2) uma suspensão total do comércio com Israel, em resposta à deterioração da situação humanitária nos territórios palestinos e às ações militares israelenses na Faixa de Gaza. A medida foi divulgada pelo Ministério do Comércio da Turquia e visa exercer pressão sobre o governo israelense para garantir a entrada de ajuda humanitária em quantidades adequadas no território palestino.

De acordo com a declaração do Ministério do Comércio turco, todas as exportações e importações entre os dois países estão suspensas até que as restrições impostas por Israel sejam levantadas e permitam o fluxo adequado de ajuda humanitária em direção à Gaza. Em 2023, o volume comercial entre Turquia e Israel alcançou US$ 6,8 bilhões.

O governo turco acusa Tel Aviv de impedir o auxílio necessário para a população em situação de fome em Gaza, após sete meses de conflito. A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um relatório em abril em que afirma que Israel impõe restrições ilegais à entrada de ajuda humanitária em Gaza. O governo israelense nega essas acusações.

Em abril deste ano, o governo do presidente Recep Tayyip Erdogan já havia tomado medidas restritivas no comércio entre os dois países, devido à recusa de Israel em permitir que a Turquia participasse de operações de entrega de ajuda humanitária por via aérea. Países como os Estados Unidos, França e Jordânia têm realizado entregas dessa maneira, mas especialistas criticam o método por ser pouco eficaz e por ter causado uma tragédia em março, quando um carregamento de suprimentos matou cinco palestinos em Gaza devido a não abertura do paraquedas do pacote.

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, respondeu às medidas adotadas pela Turquia e acusou o presidente Erdogan de violar acordos internacionais ao proibir as exportações e importações israelenses no país. Katz afirmou que essa atitude é característica de um ditador, desrespeitando os interesses do povo turco e empresários.

Esse movimento da Turquia intensifica o isolamento diplomático de Israel, já enfrentando críticas internacionais por conta dos ataques em Gaza, que até agora causaram mais de 30 mil mortes entre os palestinos. No fim de Abril, durante um comício no Dia do Trabalho, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, afirmou que seu país romperia relações diplomáticas com Tel Aviv em resposta às ações israelenses no conflito.

O primeiro presidente de esquerda da Colômbia é um crítico do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu. Em janeiro deste ano, Petro já havia manifestado seu apoio à África do Sul no caso em que Israel é acusado de genocídio e que está sendo julgado na Corte Internacional de Justiça, órgão das Nações Unidas sediado em Haia.

A decisão da Turquia de suspender o comércio com Israel é um sinal de enfraquecimento das relações entre os dois países e pode intensificar as tensões diplomáticas regionais. A situação em Gaza continua preocupante, e as ações internacionais buscam garantir uma resposta humanitária adequada à crise.