De pé e andando: a história da mobilidade humana
Mega Curioso
A evolução humana é um tema que fascina a todos, certamente. E um fator importante neste processo foi o momento em que os seres humanos começaram a andar, mais especificamente andar sobre duas pernas.
Mesmo sendo tarefa difícil precisar com exatidão este momento, os estudos de muitos antropólogos já são capazes de nos dar uma dimensão interessante sobre nosso bipedismo e como ele foi fundamental em nosso processo evolutivo.
Pesquisas já encontraram fósseis com indícios de bipedismo com mais de 4 milhões de anos. A primeira descoberta foi feita na Etiópia, e trata-se do Ardipithecus ramidus. Seus ossos indicavam bipedismo, com o pé possuindo estrutura que permitia dar passos com impulso dos dedos, tal como nós fazemos hoje, coisa que os símios que caminham sobre quatro patas não fazem.
Como o bipedismo interferiu na evolução da humanidade?
Com as mãos livres, os hominínios poderiam construir ferramentas para uso no cotidiano. (Fonte: Getty Images)
É provável que “Ardi”, como foi apelidada esta descoberta, não andasse como nós, mas esses indícios ajudam a compreender a evolução do homem sobre diferentes aspectos. O bipedismo não tem relação com correr mais rápido, já que esta era uma habilidade de muitos animais de quatro patas, muitos até mais velozes que os humanos.
A hipótese mais aceita para a seleção natural de hominínios bípedes trata sobre a necessidade de liberação das mãos para execução de outras tarefas, como a criação de ferramentas, por exemplo. A seleção natural acontecia de modo a manter vivos os seres capazes de agarrar e segurar objetos, permitindo, por exemplo, que mães carregassem seus bebês, além da coleta e transporte de alimentos.
Com as mãos livres, como dissemos acima, era possível a construção de ferramentas, o que facilitou a execução de tarefas e resolução de problemas de novas maneiras, fazendo com que os cérebros e habilidades cognitivas destes primeiros hominínios também fossem desenvolvidas.
Com as ferramentas e a possibilidade de carregar alimentos, o próximo passo foi a capacidade de migrar para longas distâncias, dominando novos habitats e novas regiões.
A descoberta de Lucy
“Lucy” foi uma descoberta importantíssima na formulação das hipóteses sobre o bipedismo humano. (Fonte: Getty Images)
Descobertas mais recentes corroboraram as pesquisas anteriores. Um exemplo foi Lucy, fóssil da espécie Australopithecus afarensis cujos ossos da coxa mostraram aos pesquisadores que ela caminhava ereta sobre as duas pernas. Descobertas posteriores de outros fósseis da mesma espécie indicaram o mesmo.
Na mesma região em que encontraram Lucy, os antropólogos descobriram pegadas fossilizadas com cerca de 3,6 milhões de anos. Estes rastros se estendem por cerca de 30 metros e possuem 70 impressões individuais que indicam a presença de ao menos três indivíduos caminhando eretos sobre os dois pés.
O bipedismo permitiu que o ser humano conquistasse regiões, preservasse a espécie e se desenvolvesse sua inteligência. (Fonte: Getty Images)
Hominínios com características mais próximas das nossas só apareceram, de acordo com os estudos, cerca de 1,8 milhão de anos atrás. O Homo erectus foi o primeiro a ter pernas longas e braços ligeiramente mais curtos que possibilitariam andar, correr e se deslocar. Seu cérebro também era muito maior que os bípedes anteriormente descobertos.
As hipóteses da comunidade científica são, em sua maioria, interligadas. Isto significa que todas elas constroem uma espécie de linha do tempo do processo evolutivo humano, indicando que dificilmente seriam razões dissociadas.
Estes dados não respondem com firmeza a razão para a qual os hominínios andam eretos ou mesmo a data em que isto ocorreu, mas nos oferece uma teoria sobre quando e levanta muitas hipóteses sobre esta que é, certamente, a marca registrada de nós, humanos.