Pesquisadores conseguiram regenerar membros amputados de sapos
Mega Curioso
Um estudo publicado recentemente apresenta uma promessa de esperança para o tratamento de membros amputados. A pesquisa, publicada na revista científica Science Advances, documentou que um conjunto de sapos regenerou completamente as patas traseiras com o uso de um coquetel de drogas desenvolvido em laboratório.
Para os cientistas, essa notícia é importante, pois pode trazer novos caminhos para descobertas sobre a possibilidade de regenerar membros ausentes em seres humanos.
No estudo, 115 sapos africanos foram amputados e divididos em três grupos, os quais foram testados em diferentes variáveis. No 1° grupo, os sapos não recebiam tratamento; no 2°, usavam uma espécie de curativo de silicone chamado BioDome; no 3° grupo, receberam uma mistura de 5 medicamentos com o BioDome.
(Fonte: Science Advances/Reprodução)
O BioDome é uma tecnologia fabricada com uma proteína de seda. No caso do grupo que se regenerou, ele foi associado a um coquetel de cinco drogas que tinham diversas funções, como conter a inflamação, inibir a formação de cicatrizes e estimular o crescimento de fibras, vasos sanguíneos e músculos.
Os resultados do estudo
(Fonte: Rádio Regional)
Após 24 horas de tratamento, os sapos que receberam o BioDome tiveram o curativo removido, e a cicatrização começou a ocorrer. Os medicamentos aplicados para os sapos da 3ª categoria começaram a desempenhar a função desejada.
O resultado foi que os sapos começaram a reconstruir os membros perdidos. Em cerca de 18 meses, os animais haviam recuperado as pernas. Os novos membros tinham todos os tecidos necessários: estrutura óssea, tecidos internos, veias, músculos e até “dedos” muito semelhantes às patas originais.
Um experimento semelhante também foi feito em ratos, mas os cientistas constataram uma dificuldade maior nestes animais, já que os anfíbios têm capacidades bem maiores de regeneração do que os roedores.
Há esperança para os amputados humanos?
(Fonte: Notícias ao Minuto)
Embora ainda não haja garantia que a mesma técnica terá eficácia similar em humanos, a descoberta causa entusiasmo aos pesquisadores que trabalham com amputações. Isso porque um membro é uma estrutura complexa, então não é fácil recriá-los.
Vale destacar que os seres humanos, assim como os anfíbios e outros animais, também têm capacidades regenerativas: podem, por exemplo, refazer o tecido no caso de uma ferida ou mesmo perder 50% do fígado e recuperá-lo até o tamanho normal. Porém, a regeneração de membros inferiores e superiores envolve um conhecimento que vai além do que é nato ao corpo.
(Fonte: Science Advances/Reprodução)
A pesquisadora Nirosha Murugan, associada à Universidade Tufts, que assina o artigo sobre a descoberta dos sapos, revela grande expectativa sobre os resultados: “É emocionante ver que as drogas que selecionamos estavam ajudando a criar um membro quase completo. O fato de ter sido necessária apenas uma breve exposição às drogas para iniciar um processo de regeneração de meses sugere que sapos e talvez outros animais possam ter capacidades regenerativas adormecidas que podem ser acionadas”.
O próximo passo da pesquisa será testar a mesma técnica em mamíferos. Michael Levin, professor de Biologia da Universidade Tufts e coautor do artigo, sinaliza os rumos do estudo. “Cobrir a ferida aberta com um ambiente líquido sob o BioDome, com o coquetel de drogas certo, pode fornecer os primeiros sinais necessários para colocar o processo regenerativo em movimento”, ele explicou.
Trata-se, na verdade, da tentativa de descobrir como replicar nos humanos um tipo de capacidade que desenvolvemos desde nossa vida uterina. "As células já sabem como fazer todos os órgãos do seu corpo — elas fizeram isso uma vez durante o desenvolvimento embrionário, e essa informação não foi a lugar nenhum. Ainda está lá", complementou Levin.