Polvo ancestral mais antigo do mundo é descoberto no Canadá
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Há décadas, o Museu Real de Ontário, no Canadá, manteve um pequeno fóssil de calcário esquecido no acervo local. Entretanto, após uma série de estudos, os pesquisadores determinaram que ele pertence a um ancestral do polvo e da lula-vampira-do-inferno de 328 milhões de anos.
De acordo com o artigo publicado na Nature Communications, essa criatura possuía 12 centímetros de comprimento, 10 membros no corpo — ao contrário dos tradicionais oito membros que vemos nas espécies de hoje — e evidências de um saco de tinta. Além disso, ela flutuava em baías rasas muito antes dos dinossauros vagarem pela Terra.
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Tesouro escondido
(Fonte: Museu Americano de História Natural)
O fóssil foi encontrado pela primeira vez na formação de calcário Bear Gulch, em Montana, em 1988. A amostra de calcário contendo o polvo permaneceu despercebida por décadas, até que o pesquisador Christopher Whalen, autor do artigo e pesquisador na Universidade de Yale, avistou os braços enquanto examinava a coleção um dia e decidiu dar uma olhada mais de perto.
Em fala oficial, Whalen se mostrou surpreso com a sequência de acontecimentos. "É muito raro ver esse tipo de detalhe em um fóssil porque, é claro, são estruturas inteiramente de tecidos moles", declarou. De acordo com o pesquisador, é comum que descobertas arqueológicas desse tipo sejam feitas somente após análises posteriores.
Estudos mostram que os ancestrais de polvo Syllipsimopodi bideni — nome dado em homenagem ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden — provavelmente vivia em baías oceânicas tropicais rasas em Montana na época em que o município estava localizado mais perto da linha do Equador e tinha ambiente semelhante à Baía de Bengala, na Índia.
Desvendando o passado
(Fonte: Shutterstock)
Segundo Whalen, a descoberta do S. bideni ajuda a desvendar um momento anteriormente desconhecido na história evolutiva dos vampiropodes. Antes disso, a amostra mais antiga de fóssil da espécie datava para 240 milhões de anos — sendo 88 milhões de anos de diferença entre as duas amostras.
“Isso indica que há um longo intervalo de tempo durante o qual os fósseis de vampiropodes existiram, mas ainda não foram encontrados", ressaltou o pesquisador. Christopher ainda fez questão de ressaltar que o nome em homenagem ao presidente Biden não é um insulto, mas sim uma honraria.
“Fiquei encorajado pelos planos que o presidente Biden apresentou para combater as mudanças climáticas antropogênicas e seu sentimento geral de que os políticos deveriam ouvir os cientistas”, elogiou. Embora não seja toda hora que um político acaba recebendo o nome de uma descoberta científica, essa não é a primeira vez que uma pessoa do alto escalão foi homenageada desse jeito.
Nos últimos anos, o ex-presidente dos EUA Donald Trump teve seu nome usado para a denominação de espécies de mariposa e anfíbio, enquanto o também ex-presidente Barack Obama foi homenageado nos nomes de aranhas, peixes e parasitas.