Reino de Kush: a superpotência africana que dominou o Egito e desapareceu
Mega Curioso
O lendário reino de Kush ficava na região nordeste da África, na época chamada de Núbia, logo ao sul do Antigo Egito . Suas principais cidades se estendiam ao longo dos rios Nilo Azul, Nilo Branco e Nilo. Atualmente, a terra ocupada pelo povo de Kush é onde está situado o Sudão.
Reino de Kush. (Fonte: Wikipedia/Reprodução)
Um reino milenar
Os kushitas reinaram por cerca de 1400 anos. Embora a história dessa nação seja ainda mais antiga, registros históricos apontam que seu apogeu se deu entre 1069 a.C. e 350 d.C., e nesse período o Egito passava por sérios problemas internos beirando ao declínio. Por isso, os Kush não precisavam se preocupar com as invasões egípcias em seu território, já que a terra dos faraós mal conseguia lidar com seus próprios problemas.
Sendo assim, aproveitaram a oportunidade e voltaram sua atenção e esforços para o desenvolvimento das próprias cidades. Um dos exemplos mais prósperos foi a cidade-estado kushite de Napata. Não demorou muito para que Kush crescesse em poder e domínio. Com o declínio da força egípcia, Kush não perdeu tempo e tomou o Egito, fazendo de seus reis os faraós que deram início a 25° dinastia.
Diferentemente das representações atuais, as principais lideranças do Egito da era Kush eram faraós pretos. (Fonte: Black History/ Reprodução).
Com um excelente tato para o poder, os kushitas deram um jeito de solidificar seu domínio em várias frentes, incluindo no aspecto religioso.
As princesas kushitas, por exemplo, não apenas eram importantes para o reinado como chegaram a dominar o cenário político de Tebas, na posição de esposas do deus Amon. O rei kushita, Kashta (750 a.C.), foi o primeiro a ocupar o trono do Egito, nomeando posteriormente sua filha, Amenirdis I, como a primeira esposa de Amon.
A prática foi seguida por vários outros reis kushitas que se mantiveram no poder do Egito até 666 a.C., época em que o país foi invadido por Assurbanípal, o último grande rei da Assíria.
Duas capitais e o declínio sem luz de um reino
O reino de Kush tinha duas capitais diferentes. A primeira foi Napata, que serviu como a principal capital e centro de poder durante o auge de seu domínio. No entanto, por volta de 590 a.C. ela foi saqueada. Então, os kushitas mudaram a capital do reino para a cidade Meroe.
Meroe ficava um pouco mais ao sul do rio Nilo, o que garantia mais proteção. A cidade também era um importante campo de trabalho em ferro, um dos recursos mais importantes naquela época.
O povo Kushita tinha um modelo de governo e economia bastante desenvolvido. (Fonte: Kushand Axum/ Reprodução)
De acordo com registros, até mesmo o cidadão mais pobre de Meroe, ainda tinha condições melhores que os habitantes de outros lugares da região. Mas em 330 d.C., a cidade também foi saqueada e, desta vez, os invasores foram os axumitas.
Embora a Meroe tenha conseguido se manter por mais duas décadas, as consequências da incursão dos axumitas tornaram a vida ali insustentável. No entanto, mesmo se a localidade não tivesse sido alvo de uma invasão, seu fim era iminente. Tudo por culpa da exploração sem controle.
Para manter a indústria do ferro era preciso usar enormes quantidades de madeira para fazer o carvão que abastecia os fornos. Com o tempo, a prática acabou com as abundantes florestas que dominavam a região. O esgotamento do solo pelas pastagens de gado e plantios excessivos era outro problema que já impactava significativamente a produção alimentar.
Ou seja, antes mesmo dos axumitas aparecerem, Meroe já estava em declínio e acabaria abandonada de qualquer jeito. Em 350 d.C., quando o último habitante da cidade foi embora, a história do outrora poderoso reino de Kush que conquistou o Egito começou a desaparecer.