Três espécies diferentes de homens dividiram a África no passado
Mega Curioso
Há 2 milhões de anos, a África do Sul era habitada por três espécies de seres vivos muito similares aos seres humanos que conhecemos hoje, ao menos é o que diz um estudo publicado na revista Science. Essas espécies pertenciam aos seguintes grupos: os Australopithecus (grupo famoso pelo fóssil "Lucy", encontrado na Etiópia), os Paranthropus e os Homo — também chamados de humanos.
Lucy. (Fonte: Cleveland Museum of Natural History)
O estudo é resultado de um esforço conjunto para datar fósseis descobertos em um complexo de cavernas perto de Joanesburgo. Além disso, o achado traz novas evidências sobre a linhagem evolucionária de nossos ancestrais e a teoria de que um único grupo de hominídeo dominava o planeta por vez.
Datação das espécies
(Fonte: Andy Herries/Divulgação)
Comandados por Andy Herries, pesquisadores da Universidade La Trobe, na Austrália, avaliaram os fósseis encontrados no Complexo da Caverna Drimolean usando três tipos diferentes de técnicas para datação: ressonância de spin de elétrons, paleomagnetismo e datação de urânio-chumbo.
"Reunimos todas as evidências de cada uma dessas técnicas, que juntas mostraram que tínhamos uma idade muito precisa. Portanto, agora podemos afirmar que a pedreira principal de Drimolen e todos os seus fósseis datam para 1,95 a 2,04 milhões de anos atrás", disse a coautora Stephanie Baker em entrevista à BBC.
Ao longo da história, o Complexo de Drimolean produziu vários fósseis antigos, incluindo diversos de hominídeos do passado. Mas, há alguns anos, os pesquisadores descobriram duas novas calotas cranianas, sendo uma delas pertencente a uma espécie primitiva chamada Paranthropus robustus. A outra, por outro lado, era mais morderna e foi identificada como de Homo erectus.
Importância da descoberta
(Fonte: Universidade La Trobe)
O Homo erectus não só é um de nossos ancestrais humanos diretos, como também há indícios de que foram a primeira espécie humana a migrar da África para o resto do mundo. A descoberta da calota craniana em Drimolean é visto não só como o
primeiro exemplar da espécie em qualquer lugar do mundo, mas também como o único encontrado na África do Sul.
“Até esta descoberta, sempre presumimos que o Homo erectus se originou da África oriental. Porém, isso nos mostra que a espécie, que é uma das nossas ancestrais diretas, veio do sul do continente", explicou Baker. Por muito tempo, acreditava-se que a evolução humana era um processo linear, com os humanos modernos surgindo como resultado final.
Entretanto, os novos estudos feitos da África do Sul sugerem que esse processo foi ainda mais complexo do que imaginávamos, com espécies de hominídeos dividindo o mesmo espaço e possivelmente interagindo entre si.
Evolucionismo embaralhado
(Fonte: Shutterstock)
Ao contrário do que a ciência sempre acreditou, a linhagem evolucionária dos humanos sempre foi muito complicada e diversos exemplos podem ser provados pela arqueologia. Segundo outro estudo publicado na Nature, a análise de um crânio encontrado na Zâmbia em 1912 também demonstra que espécies de Homo dividiram o planeta em algum ponto.
Acredita-se que a peça tenha cerca de 300 mil anos de idade e seja pertencente a um espécime de Homo heidelbergensis — um ancestral comum entre humanos e neandertais. A descoberta implica que pelo menos três espécies diferentes de Homo coexistiram nessa época na África.
Sendo assim, os Homo naledi sobreviveram no sul da África, os H. heidelbergensis estavam no centro-sul do continente e as primeiras formas dos seres humanos modernos existiram em regiões como Marrocos e Etiópia. Esse tipo de estudo é especialmente complicado pois envolve amostras de DNA, que tem as moléculas quebradas com o passar do tempo.