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AIDS: a nova variante mais agressiva do HIV
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AIDS: a nova variante mais agressiva do HIV

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Tecmundo
05/04/2022 23h00
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Não é só o SARS-CoV-2 que possui a capacidade de sofrer mutações a ponto de gerar novas variantes. Via de regra, todos os vírus possuem essa característica.

 

Um estudo recente publicado na revista Science descreve uma “nova” variante do HIV descoberta na Holanda. Na realidade, ela circula desde meados dos anos 90, mas as repercussões só foram melhor estabelecidas no estudo. Chamada de VB (virulent subtype B), é um subtipo da variante mais prevalente na Europa e nas Américas, que é o HIV tipo B (figura 1)

Figura 1 - Distribuição global das variantes do HIV

Ssemwanga, 2019

A grande diferença é que, no momento do diagnóstico, a carga viral dos pacientes com a VB foi de 3,5 e 5,5x mais alta comparada a outros casos de HIV do tipo B, porém de subtipos diferentes do VB (Figura 2A). É sabido que a contagem de carga viral tem relação com o prognóstico e esse achado, por si só, já era suficiente para levantar um ponto relevante. Porém, além disso, a taxa de queda do CD4 foi desproporcionalmente mais acelerado nos casos VB. Apenas 9 meses eram suficientes para o CD4 cair abaixo de 350 e entre 2 a 3 anos para cair abaixo de 200.

No grupo não-VB, foram 36 meses para alcançar o 350 e 7-8 anos para chegar a 200 (Figura 2B). Ou seja, o tempo entre a infecção e essa evoluir para AIDS é muito mais rápido com a nova variante. Isso é explicado em parte pela carga viral inicial, e em parte pela alteração da própria virulência. 

Figura 2 - A - Diferença da carga viral inicial; B - Velocidade na queda do CD4; C - Curva de sobrevida 

Wymant et al, 2022

A boa notícia é que após o início do tratamento antirretroviral, não houve diferença na evolução do CD4 e na mortalidade (Figura 2C), apesar do N não ser suficiente para identificar diferenças sutis desses desfechos. 

O HIV, que surgiu na década de 20, aos poucos foi se adaptando ao hospedeiro humano e somente após a década de 80 passou a ter uma distribuição global. Nos quase 40 anos do descobrimento do vírus, ele já matou 36 milhões de pessoas no mundo. Atualmente há 38 milhões de pessoas que vivem com HIV/AIDS. Desses, 6 milhões não sabem do diagnóstico. Cada indivíduo que vive com o vírus sem diagnóstico ou tratamento dá oportunidade para o vírus sofrer mutações e gerar novas variantes. Assim como o SARS-CoV-2, somente irá perdurar as variantes que possuem alguma vantagem competitiva do ponto de vista evolutivo. No caso do HIV, pode ser uma capacidade maior de transmissão, ou até resistência às atuais opções de tratamento. 

A conclusão do estudo é que, com otimização do diagnóstico através da distribuição mais ampla de testes associado ao tratamento, haverá menor possibilidade de geração de novas variantes e deve ser prioridade no enfrentamento do HIV.

***
Bernardo Almeida é médico infectologista e Chief Medical Officer da Hilab, health tech que desenvolveu o Hilab, primeiro laboratório descentralizado usando testes laboratoriais remotos. É médico especialista em infectologia pela Universidade Federal do Paraná, com residência médica em clínica médica e medicina interna no Hospital de Clínicas - UFPR e em infectologia no Hospital de Clínicas - UFPR, mestrando da UFPR em medicina interna, área de doenças Infecciosas - Epidemiologia das síndromes respiratórias agudas graves em adultos. Tem experiência na área de medicina, com ênfase em clínica médica e doenças infecciosas e parasitárias, e participa de grupo de pesquisa na área de vírus respiratórios.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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