Hubble captura imagem rara de galáxia perdendo o ‘combustível’
Tecmundo
Utilizando o telescópio Hubble, satélite espacial que está em órbita desde a década de 90, e outros equipamentos para observação espacial, um grupo de astrônomos foi capaz de identificar seis galáxias que estão ficando “sem combustível” para formar novas estrelas. O achado foi divulgado pela NASA e publicado na revista científica Nature.
De acordo com os cientistas, a formação de estrelas se dá por meio da utilização ou reutilização de gases (de composição ainda desconhecida). Essas galáxias identificadas pelos astrônomos estão perdendo essa matéria-prima, motivo pelo qual é dito que o seu “combustível” está acabando. A causa do fenômeno ainda é desconhecida, embora existam algumas hipóteses.
Como as galáxias foram descobertas
Imagem capturada pelo telescópio Hubble que mostra as galáxias que estão ficando sem gás (créditos: ESA/Hubble & NASA, A. Newman, M. Akhshik, K. Whitaker)
Segundo a teoria do Big Bang para a formação do universo, a maioria das estrelas teria sido criada aproximadamente no primeiro quinto de existência de tudo que conhecemos, ou seja, entre 2 a 4 bilhões de anos após a grande explosão que teria originado as galáxias. Como a luz demora muito tempo para chegar até o planeta Terra, quanto mais distante conseguirmos enxergar, mais longe no passado estamos observando.
Ao vasculhar a região do universo que seria correspondente a 10 ou 12 bilhões de anos atrás, portanto, os astrônomos estariam observando o processo de formação de estrelas. Entretanto, os cientistas se surpreenderam ao identificar que seis galáxias já haviam parado de formar esses corpos celestes devido à falta de gases.
Para encontrar essas galáxias, o estudo liderado por Kate Whitaker, professora de astronomia na Universidade do Massachusetts, utilizou mais do que apenas o Hubble. O telescópio, na verdade, foi o responsável por produzir as imagens do achado. O sistema ALMA (Atacama Large Millimeter Array), um conjunto de antenas de radiofrequência localizado no Chile, foi o responsável por detectar as galáxias e delimitar a sua localização.
A importância do achado
Identificação das galáxias que estão ficando sem combustível. (Fonte: NASA/Reprodução)
O que torna uma galáxia inativa na formação de estrelas – ou quiescente, no termo específico da astronomia – ainda é um mistério para os cientistas. Porém, essa descoberta confirma que a existência de gases é um dos fatores principais nessa equação.
“Por muito tempo, nós suspeitávamos que a falta de gases seria um dos fatores que levaria uma galáxia a parar de formar estrelas. Mas agora nós temos uma evidência disso”, disse Georgios Magdis, professor assistente do Cosmic Dawn Center que também contribuiu para a pesquisa. Os astrônomos concluíram ainda que essas nuvens de gás não podem ser muito quentes, pois elas seriam incapazes de se agrupar e formar as estrelas.
Agora o objetivo dos pesquisadores é entender o que levou as galáxias a perderem esses gases fundamentais. “Será que um buraco negro gigantesco no centro da galáxia se aqueceu e esquentou os gases impedindo a formação das estrelas?”, questiona Kate Whitaker. “Ou será que o gás simplesmente foi utilizado em sua totalidade?”.
Essas são perguntas que ainda não possuem respostas, mas o estudo ajudará a aumentar a nossa compreensão acerca do universo e dos diversos mistérios que ainda não conhecemos.
ARTIGO Nature: doi.org/10.1038/s41586-021-03806-7