InSight: Marte possui um núcleo maior, menos denso e mais líquido
Tecmundo
A sonda InSight da NASA revelou que Marte possui uma estrutura interna muito diferente das características apontadas pela comunidade científica até então. Devido à impossibilidade de retirar amostras, a agência espacial analisou os dados recebidos sobre "martemotos" — terremotos no Planeta Vermelho — e mostrou que o planeta possui uma crosta espessa e uma camada de manto subjacente fina — resultando em um núcleo maior, menos denso e mais líquido que o esperado.
Tais características sugerem que Marte pode ter se formado milhões de anos antes da Terra, momento em que o Sol ainda passava por um processo de condensação a partir de uma nuvem de gás brilhante. Essas informações foram combinadas com dados da física mineral encontrada no manto, entregando a estimativa de que o tamanho do núcleo marciano tem um raio em torno de 1.830 quilômetros, pouco mais da metade de seu raio total.
Na evolução planetária, iniciada com o acúmulo de poeira espacial, materiais mais leves são levados para a superfície, ao passo em que componentes mais pesados afundam em direção ao centro do planeta. Novas pesquisas afirmaram que o núcleo marciano deve conter altas concentrações de enxofre e outros elementos leves. Isso porque, em experimentos, compostos de ferro líquido com enxofre não se solidificam nas mesmas pressões e temperaturas encontradas em Marte.
Representação da estrutura interna de Marte
Dessa forma, os cientistas acreditavam que rochosos como Marte possuíam um núcleo rico em ferro, seguido por um manto e uma crosta — com espessura agora determinada entre 24 e 72 quilômetros. Acredita-se também que a litosfera tenha um tamanho entre 400 e 600 quilômetros, camada mais espessa que qualquer outra do tipo existente na Terra.
Tal característica implica uma concentração maior de elementos produtores de calor radioativo, o que pode ajudar a explicar o motivo de não existir um campo magnético em todo o planeta. Essa falta traz outras consequências para uma futura exploração tripulada, pois serão necessários equipamentos mais resistentes aos ventos solares.
A nave espacial pousou em 2018 e contém um sismômetro capaz de detectar as mais sensíveis vibrações. Com base nesse aparelho, foi possível criar um mapeamento do interior de Marte — o primeiro já feito em outro planeta.
Lá, não existem placas tectônicas, o que levou os pesquisadores a levantar a hipótese de que as vibrações observadas desde o início da missão podem ser resultado de meteoritos que atingiram a superfície ou então de outros processos internos na litosfera. Entretanto, destacaram que é difícil confirmar essa teoria, pois o instrumento está sujeito à variação do clima — impactado por períodos com muitos ventos, capazes de influenciar os dados.
Além disso, interações químicas e térmicas da crosta marciana com a atmosfera podem ajudar a definir condições para a possível existência de vida no Planeta Vermelho.