Proteína de fungo pode ser nova fonte de albumina, mostra estudo
Tecmundo
A Albumina é um ingrediente culinário usado em larga escala em todo o mundo. Mas as claras de ovos, sua principal fonte, podem estar com os dias contados. Isso porque cientistas foram capazes de obter a proteína a partir de fungos.
Para isso, os pesquisadores isolaram os genes responsáveis pela produção da ovalbumina dos ovos e inseriram em espécies Trichoderma reesei. O objetio é que alternativas biotecnológicas como essa promovam uma produção sustentável do ingrediente.
A ovalbumina tem excelentes propriedades emulsificantes; ingrediente é muito usado na produção de alimentos (Fonte: VTT Technical Research Centre of Finland)
Com o gene, o fungo foi capaz de secretar a mesma proteína que as galinhas. Depois, bastou secar as células e concentrar o nutriente para fabricar o produto final.
Dessa forma, mostrou-se o potencial da tecnologia de fermentação de precisão para aumentar a sustentabilidade da produção de proteínas, que pode ser ainda aumentada pelo uso de fontes de energia com baixo teor de carbono.
O estudo, feito na Finlândia, foi publicado na revista científica Nature Food.
Galinheiros com os dias contados
A alta qualidade das proteínas contidas nas claras de ovos de galinha garante que esse seja um ingrediente comumente usado na indústria alimentícia. Em 2020, foram usadas cerca de 1,6 milhões de toneladas desse produto.
Esse consumo crescente não é possível sem gerar grandes impactos ambientais. A crianção das galinhas vem acompanhada de liberação de gases estufas na atmosfera e leva à escassez de água, perda de biodiversidade e desflorestamento.
Epidemiologistas também chamam atenção para o surgimento de doenças zoonóticas, como a gripe aviária. Esses patógenos estão associados à pecuária intensiva desses animais e podem ser fonte de novas doenças humanas.
Alternativas sustentáveis
A indústria de alimentos tem interesse na busca de alternativas sustentáveis. A agricultura celular é um campo em ascensão que oferece soluções biotecnológicas para desacoplar a produção de proteínas e a pecuária de animais.
Também chamada de fermentação de precisão, essas técnicas permitem que cientistas façam uso de microrganismos para produzir proteínas e outros nutrientes específicos com aplicação industrial.
A tecnologia não é totalmente limpa. Os produtos cultivados em células precisam de mais eletricidade, por exemplo. O tipo de fonte de energia usada afeta, portanto, o impacto ambiental final.
Mas esses métodos usam muito menos insumos do que os métodos de pecuária clássica. No estudo finlandês, por exemplo, o uso do fungo permite reduzir o uso de terra em quase 90%.
Já a emissão de gases do efeito estufa foi de 31% a 55% menor. Os pesquisadores dizem que no futuro a fermentação de precisão tem a capacidade de reduzir o impacto ambiental da pecuária em até 72% no total.
ARTIGO Nature Food