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Unindo forças na busca da inclusão racial no mercado corporativo
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Unindo forças na busca da inclusão racial no mercado corporativo

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Tecmundo
26/11/2021 21h30
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Novembro é um mês de reflexão sobre a história e a construção da sociedade brasileira, é o reconhecimento da influência e da luta dos descendentes africanos na cultura e na economia do país. Dia 20 é mais do que relembrar a morte de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, assassinado em 1695, é também falar sobre o legado, a liberdade, o respeito e os direitos humanos. Vamos refletir juntos sobre por que os outros 11 meses deveriam representar a continuação dessa conscientização?

 

De maneira resumida, os autores citam a reprodução das condições de subclasse à população negra, contribuindo para a manutenção das mesmas formas racistas que afetam as instituições que, apesar de buscarem formas de erradicar a discriminação social, trabalham fundamentadas em fatores racistas, apesar de, às vezes, não os reconhecerem.

A diversidade étnico-racial do Brasil no mundo corporativo ainda enfrenta obstáculos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 54% da população do país se autodeclara negra (pretos ou pardos), porém não vemos essa representatividade nos ambientes organizacionais. A situação é ainda mais grave em cargos de liderança, em que somente 6,3% dos cargos de gerência e 4,7% dos cargos executivos são compostos por negros. Há ainda o agravante de que apenas 1,6% dos cargos de gerência é ocupado por mulheres negras, segundo levantamento realizado em 2016 pelo Instituto Ethos, que se refere às 500 maiores empresas do país.

Inclusão racial

Outros dados relevantes levantados pela empresa Vagas.com em 2020 mostram que pessoas que se declaram negras ocupam 47% das posições operacionais e 11% das posições técnicas, em percentuais superiores aos relatados por brancos, indígenas e amarelos, porém apenas 0,7% tem cargo de diretoria.

Devido a esse quadro, é primordial a implementação de políticas de inclusão racial que tragam propostas concretas para o estreitamento do abismo social existente nessas relações e ajudem na reparação histórica necessária à equidade racial no nosso país. Em passos lentos, em termos de inclusão social, vêm sendo apontadas algumas iniciativas no mundo corporativo que incitam a promoção da diversidade nas equipes.

A ativista e filósofa americana Angela Davis tem uma frase bastante poderosa: “Numa sociedade racista, não basta não ser racista, é preciso ser antirracista”, e ser antirracista é tomar ações que ajudem no combate ao racismo. No ambiente organizacional, existem diversos exemplos de ações que podem e devem ser implementadas em prol da diversidade racial, como o engajamento de lideranças a fim de reconhecer a importância da prática inclusiva para o crescimento e a evolução da empresa; a educação antirracista que consiste em abranger toda a equipe em programas de sensibilização e informação; as ações afirmativas para a contratação de candidatos mais diversos, treinamento de vieses inconscientes e contratação inclusiva para tomadores de decisão; além de buscar fornecedores com práticas de promoção de diversidade ou, melhor ainda, comprar diretamente de pessoas que se autodeclaram negras.

É também possível aprimorar uma linguagem muito mais prudente e inclusiva, estabelecer condutas saudáveis de comunicação interna por meio de capacitação, treinamento, mentoria humanizada e pautada na diversidade.  É necessário compreender que, além das contratações, temos de reverter o quadro internamente, gerando consciência e conhecimento.

Na Intel, por exemplo, essas práticas já estão tomando lugar de maneira fluida e engajada. São grupos de afinidades e comitês de diversidade que discutem o planejamento de ações para gerar mais equidade e inclusão para a empresa. São parcerias com organizações que lutam pela promoção da inclusão racial e superação do racismo, como a Faculdade Zumbi dos Palmares, que coordena a Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, a qual representa a articulação entre empresas  com um desempenho ainda mais significativo na abordagem do tema, estabelecendo um espaço de diálogo do empresariado brasileiro em torno de dez compromissos, entre eles a promoção e a valorização da diversidade étnico-racial, o respeito e o tratamento justo a todas as pessoas, a promoção de ambientes seguros e saudáveis e a sensibilização e a educação dos funcionários para o tema.

É de extrema importância que as empresas formem grupos de afinidade, contratem palestrantes externos e busquem conhecimento com quem entende do tema, a fim de criar uma camada de força e luta contra o racismo e a uma sociedade mais justa, colocando o tema de diversidade e inclusão racial na agenda do negócio o ano inteiro, não apenas no mês da consciência negra.

***
Telma Gircis é líder de RH da Intel para América Latina e Canadá.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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