Artistas descobrem novo cogumelo que emite luz verde em floresta na Suíça
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Uma dupla de artistas que trabalham há mais de uma década com organismos que brilham se depararam, durante uma caminhada em uma floresta na Suíça, com um cogumelo que chamou atenção por seu brilho verde. No momento, pensaram se tratar de um exemplar da espécie Mycena haematopus, já conhecida por sua bioluminescência, mas o achado se mostrou ainda mais surpreendente.
Isso porque, quando levaram o fungo para o estúdio de fotografia, perceberam que aquele não era um M. haematopus, mas sim uma outra espécie já conhecida, a Mycena crocata, mais conhecida como cogumelo-açafrão. E o surpreendente é que, até então, a ciência sequer sabia que essa espécie poderia emitir luz própria.
A descoberta em questão foi publicada em maio de 2024 no periódico Mycoscience, mas só fui divulgada oficialmente na última terça-feira, 7, pelo Instituto Federal Suíço de Pesquisa Florestal, de Neve e de Paisagem (WSL).
Bioluminescência
Um dos primeiros a notar que alguns fungos poderiam emitir luz própria foi o filósofo grego Aristóteles, há mais de 2 mil anos. Essa característica, presente em algumas espécies de fungos, plantas e até animais, possivelmente possui alguma função biológica para o cogumelo-açafrão, mas isso ainda não foi desvendado pelos cientistas. Hoje, são conhecidas pouco mais de 100 espécies de cogumelos bioluminescentes pelo mundo.
Sempre haverá mais espécies bioluminescentes descobertas", conta Renate Heinzelmann, micologista do WSL, em comunicado. "A bioluminescência é pouco pesquisada e, quanto mais as pessoas procurarem, mais encontrarão".
Heinzelmann também menciona no comunicado que "a maioria dos experimentos foi conduzida pelos artistas. Eles coletaram as amostras, tiraram as fotografias e fizeram as medições de luz".
Conforme repercute a Revista Galileu, o Mycena crocata apresentou a maior parte de sua bioluminescência no micélio, uma massa ramificada semelhante a raízes; o corpo de frutificação do cogumelo, em si, não brilhava. Além do micélio, o brilho também pode ser observado na madeira em decomposição em que o cogumelo cresce.
Embora a função ecológica da bioluminescência desta espécie ainda seja discutida, alguns pesquisadores sugerem que essa característica sirva para atrair insetos que auxiliariam na dispersão de esporos.
Vale mencionar que o bioma em que mais existem cogumelos bioluminescentes conhecidos no mundo é a Mata Atlântica, onde, segundo o Instituto de Pesquisas da Biodiversidade (IPBio), há 27 espécies das 29 conhecidas no Brasil. E a nova descoberta foi motivada pelo desejo dos artistas de mostrar que estas espécies não se restringem às áreas tropicais do globo.
"Queremos mostrar que esses cogumelos bioluminescentes estão presentes nas florestas suíças e que não é preciso viajar muito para encontrá-los", explicou em comunicado Heidy Baggenstos, um dos artistas responsáveis pelo achado.
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