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Como o deserto do Atacama pode ajudar na descoberta de vida em Marte
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Como o deserto do Atacama pode ajudar na descoberta de vida em Marte

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Tecmundo
10/12/2024 21h30
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©Getty Images
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A busca por vida fora da Terra é um tema explorado pela humanidade há muito tempo, especialmente nas últimas décadas, com algumas missões criadas especificamente para procurar sinais de extraterrestres. Antes dos avanços da ciência espacial, muitas pessoas acreditavam na existência da vida em Marte; daí que se originou o termo ‘marcianos’ para se referir aos alienígenas.

Atualmente, sabemos que não existe nenhuma civilização ‘marciana’, mas ainda não descobrimos se o planeta vermelho já abrigou algum tipo de vida bilhões de anos atrás . Contudo, talvez estejamos mais próximos de encontrar essa resposta. 

Em 2019, um grupo de cientistas apontou que um local na Terra pode ajudar a desvendar esse mistério: o Deserto do Atacama, no norte do Chile.

Em um novo estudo publicado na revista científica Applied and Environmental Microbiology, uma equipe de pesquisadores explica que a região ao longo da costa do Pacífico, no Chile, é o ambiente mais seco do planeta. 

Justamente por essa característica, o local apresenta condições hostis à maioria dos seres vivos, o que pode ser ideal para entender a possibilidade de vida em Marte. As condições extremas em ambos os lugares dificultam a sobrevivência de animais, mas talvez permitam a presença de alguns poucos tipos de microrganismos. 

"Os micróbios são os pioneiros na colonização desse tipo de ambiente e na preparação do solo para a próxima sucessão de vida. Isso também pode se aplicar a novos terrenos que se formam após terremotos ou deslizamentos de terra, onde você tem mais ou menos a mesma situação, um substrato mineral ou rochoso", disse o líder do estudo geomicrobiologista Dirk Wagner, do Centro Alemão de Pesquisa em Geociências GFZ, em um comunicado oficial.

Microrganismos no deserto

Os pesquisadores criaram uma nova técnica de separação de material genético, que pode ser utilizada para investigar melhor a vida microbiana em habitats tão áridos. O método separa o material genético extracelular (eDNA) do intracelular (iDNA) e foi utilizado no estudo para analisar amostras de solo coletadas no Atacama.

O resultado revelou diversos micróbios vivos no momento da coleta, sugerindo que algumas áreas dessas regiões áridas podem abrigar vida microscópica. Com isso, os cientistas acreditam que conseguirão entender melhor as características dos processos microbianos.

A imagem apresenta o Deserto do Atacama; fotografada a partir do o Observatório Paranal do ESO, do Very Large Telescope (VLT). Fonte: WikiMedia Commons.
Não é Marte? Não. A imagem apresenta o Deserto do Atacama; fotografada a partir do Observatório Paranal do ESO, do Very Large Telescope (VLT). (Fonte: WikiMedia Commons)

Um dos desafios na análise desses microrganismos era que, durante a coleta, a maioria das ferramentas disponíveis atualmente não fornecia DNA de boa qualidade. 

Para resolver o problema, os cientistas desenvolveram um filtro capaz de identificar células intactas. Ao aplicar esse filtro nas amostras do Atacama, eles identificaram apenas dois grupos de eDNA: Actinobacteria e Proteobacteria.

O estudo é importante não apenas para entender melhor o Deserto do Atacama, mas talvez seja uma forma de aprimorar as investigações sobre Marte.

Deserto do Atacama e Marte: qual a relação?

Em 2019, um estudo publicado na revista científica Scientific Reports analisou a vida microbiana no Deserto do Atacama para entender a origem dos microrganismos que habitam regiões tão extremas; semelhante ao que acontece no planeta vermelho

Na ocasião, os pesquisadores coletaram amostras de 23 espécies bacterianas e oito espécies de fungos. Os resultados sugerem a existência de diferentes ecossistemas ao longo do deserto. A partir dessas observações, a equipe sugere que a movimentação desses microrganismos pode acontecer de forma semelhante em regiões extremas fora da Terra.

“Aqui investigamos se a vida microbiana pode se dispersar utilizando partículas de poeira transportadas pelo vento no Deserto do Atacama, um modelo bem conhecido de análogo de Marte. Por meio de um experimento simples conduzido no núcleo hiperárido do Atacama, descobrimos que diversas bactérias e fungos viáveis são capazes de atravessar, sem danos, o deserto mais seco e irradiado por UV da Terra”, a introdução do estudo descreve.

Assim como no Deserto do Atacama, as condições desfavoráveis de Marte não descartam a possibilidade de vida. Eles acreditam que, embora qualquer forma de vida no planeta vermelho seja difícil de encontrar devido às condições extremas de sua superfície, ela pode, de fato, existir.

O Deserto do Atacama é amplamente reconhecido como uma ‘versão análoga’ de Marte na Terra, não apenas por esses estudos. Na verdade, grande parte da comunidade científica concorda com essa ideia devido às semelhanças entre as duas regiões.

Mantenha-se atualizado sobre astronomia e ciência aqui no TecMundo. Se desejar, aproveite para compreender como um meteorito pode revelar informações sobre possível origem da vida em Marte. Até a próxima!

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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