Como reter talentos com o mercado de tecnologia aquecido?
Tecmundo
Você, que lê esta coluna, provavelmente está atualizado em relação à disputa por talentos em Tecnologia. Diversos estudos falam de uma "inflação salarial", com exemplos de profissional júnior ganhando salário de pleno, e de pleno recebendo como sênior, e assim sucessivamente.
Entretanto, em nossa experiência com a DeÔnibus, entrar nesse "leilão" de remuneração (salários fixo e variável) não resolve o problema de turnover — pelo menos não a longo prazo. Aqui, vou compartilhar nossos aprendizados em relação ao papel da liderança na cocriação de um ambiente que favorece a retenção desses profissionais sem a dependência direta da contrapartida agressiva em ganhos financeiros.
Sabemos que culturalmente a gestão de equipes de tecnologia tende a ser valorizada e estimulada por agregar conhecimento técnico e específico. Assim, entendemos que pode ser um desafio para a maior parte da liderança atual estabelecer premissas de gestão baseadas mais em soft skills do que em hard skills .
Se você tem essa dificuldade, a primeira sugestão é se esforçar para ter o hábito de ser consistente em rituais de acompanhamento de pessoas. Por exemplo: bloquear a agenda a outros, seja semanal, seja mensal, para ter conversas individuais com os colaboradores e o time, sendo um compromisso inadiável.
Criar essa cultura de estabelecer tempo de qualidade para ouvir as pessoas individualmente e coletivamente faz toda a diferença, pois, além de estimular os profissionais em suas distintas visões e seus pensamentos críticos, fortalece a diversidade, a criatividade e a autoestima. Desse modo, as pessoas passam a se sentir valorizadas e reconhecidas por serem ouvidas e consideradas nas tomadas de decisão, que, no fim do dia, afetam-nas diretamente nos desafios, no escopo e nas prioridades.
É preciso dizer que não basta agendar um horário e ouvir. Afinal, aqui mesmo, na minha coluna do TecMundo , apresentei os aspectos importantes da comunicação, pois é uma armadilha achar que apenas falar ou ouvir garante eficiência no entendimento e crescimento em conjunto.
Para que um diálogo genuíno aconteça, é necessário que os interlocutores tenham uma relação saudável, ou seja, baseada no respeito e na admiração — a Netflix fala disso em sua cultura "colegas brilhantes". Não precisamos ser melhores amigos uns dos outros para nos darmos bem ou para desenvolvermos conversas construtivas e propositivas.
um fim de semana em família com tudo pago ou um encontro de todo o time com incentivos de mobilidade e hospedagem se necessário) são moedas emocionais que, a longo prazo, valem mais do que as financeiras.
Apesar de parecer algo trivial, é comum empresas percorrerem longos caminhos para encontrar a medida em termos de clareza de objetivos, definição e compartilhamento de metas com o time todo, de ponta a ponta, para promover engajamento de todos e embasar a autonomia.
Envolver o time no processo de definição do planejamento, dar clareza e foco aos objetivos e às metas contribuem muito para a motivação, o enfoque e o senso de pertencimento das pessoas do time na busca por algo importante coletivamente. Quanto mais clareza da direção, transparência na comunicação, mais espaço para exercício da autonomia no dia a dia.