Doomscrolling: o que é e como evitar?
Tecmundo
Perder horas lendo notícias em redes sociais não é mais novidade para ninguém. As plataformas digitais e os seus algoritmos já tem lugar cativo na nossa sociedade. Mas desde o início da pandemia da covid-19 essa experiência não tem sido mais a mesma .
Cada vez mais, no Brasil e no mundo, as mídias transbordam de notícias ruins. São fatos escandalosos e desagradáveis que despertam sentimentos incômodos e até mesmo traumas em nós. Nos últimos anos navegar pelas redes tem sido sinônimo de chafurdar nesse meio. A tendência é tão comum, que ganhou nome lá fora: doomscrolling.
Em inglês a palavra "doom" faz referência ao juízo final, na fé cristã, mas que também ganhou uma conotação moderna associada com destruição ou ruína e "scrolling" é o ato de ficar passando pelas notícias ou publicações em redes sociais. Assim, o Doomscrolling é a tendência, às vezes involuntária, de navegarmos por notícias ruins
Desde a ascensão do coronavírus, os brasileiros aumentaram o tempo de tela. Ficamos muito mais conectado, e, de quebra, atento a informações como aumento no número de casos ou surgimento de novas variantes.
Mas não é só de pandemia que se alimentam as tragédias. Pode ser qualquer tema: política, guerra, tragédias naturais, crimes. Começamos a navegar e de repente vemos nossa timeline repleta de notícias trágicas .
Por pior que o hábito seja, podemos cair nele, e uma parte da culpa é do nosso próprio cérebro. Nós somos programados para dar atenção ao lado negativo da vida. Esse é uma ferramenta evolutiva para a nossa própria sobrevivência.
Para nossos antepassados, prestar atenção aos acidentes que aconteciam a sua volta era a principal forma de aprender a evitá-los. Aos poucos, com a evolução, fomos aprimorando nossa "antena para desastres".
Mas no mundo moderno, essa habilidade pode nos trair, na medida que dar atenção tanta notícia ruim que sobrecarrega a nossa cabeça. O resultado deixa de ser uma vantagem para sobrevivência e pode se tornar um pesadelo.
O impacto do doomscrolling varia, podendo causar ou piorar diversos transtornos psicológicos e psiquiátricos, como ansiedade, depressão, ainda causando a sensação de isolamento. Estudos mostraram que as notícias relacionadas à covid-19 promoveram o aumento destes transtorno, prejudicando a saúde mental de quem os consome.
Outros sintomas do problema incluem distúrbios do sono, prejuízos no trabalho e até mesmo fobia social, por conta do estresse elevado. Além disso, quem é suscetível a problemas como infarto ou hipertensão pode ter agravamento na saúde.
Em meio a tantas notícias ruins, existe uma boa: é possível parar com esse hábito. Muitas pessoas já venceram o problema e deixaram seus relatos na internet. Reunimos a seguir 5 dicas para vencer o doomscrolling.
Dois fatores contribuem para que a gente passe muito tempo nas redes sociais. Em primeiro lugar, elas são fáceis de acessar, estão sempre à mão no nosso celular. E depois são prazerosas.
Essa afirmação pode parecer estranha para quem sofre com doomscrolling, mas ela é verdadeira. Através dos likes e interações os aplicativos fornecem fontes de prazer em um nível mais profundo do cérebro, e ficamos viciados mesmo que elas nos façam mal.
Por isso, uma boa forma de reduzir o tempo nessas plataformas é usando jogos de celular. Eles solucionam os dois problemas ao mesmo tempo pois, assim como as redes sociais, estarão sempre à mão.
E também fornecem estímulos que agradam o cérebro, alguns até mais que as redes, com o benefício de não carregarem conteúdos que podem ser considerados tão tóxicos.
Outra estratégia que pode ajudar é bloquear as redes , ou pelo menos reduzir o tempo gasto dentro delas. Uma boa maneira de fazer isso é escondendo o aplicativo dentro do celular (colocando dentro de pastas ou não os deixando na tela principal, por exemplo).
Aplicativos como o Social Fever ou o StayFree podem nos ajudar nessa tarefa, eles monitoram o tempo que o usuário passa nas redes sociais lembrando-os de fazer pausas, beber água e olhara para o mundo à sua volta.
Para aqueles que não são muito fãs de jogos de celular, outros hobbies podem funcionar também. Você pode ler aquele livro parado na estante, montar um quebra-cabeças, desenhar, aprender um instrumento musical, começar uma nova série ou qualquer atividade que você curta fazer no tempo livre é válido.
Dar um tempo das redes sociais é bom, mas não precisa ser a única opção. Outra alternativa é criar uma timeline menos deprimente. Busque páginas que façam trabalhos sociais para causas que você acredite ou, então, siga páginas de viagens, livros, filmes e outros interesses que você tenha.
Adotar a prática de atividade física também é uma maneira de colocar fim ao doomscrolling. Ao invés de gastar horas nas redes sociais, se programe para gastar esse tempo fazendo exercícios físicos. Além de tirar a tela da nossa frente, eles também são excelentes para estimular o cérebro e ajudam em problemas como depressão e ansiedade.
Não se trata aqui de alienar-se do mundo e fingir que nada de grave está acontecendo. Pelo contrário, devemos adotar medidas no nosso dia-a-dia para nos prepararmos para lidar com os aspectos negativos do mundo a nossa volta, sem deixar que eles prejudiquem nossa saúde mental.