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Caso Ewbank: Psicóloga alerta sobre traumas causados pelo racismo: "Pode perdurar a vida toda"
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Caso Ewbank: Psicóloga alerta sobre traumas causados pelo racismo: "Pode perdurar a vida toda"

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02/08/2022 22h01
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O racismo sofrido por Titi e Bless, filhos de Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso, teve uma repercussão muito grande nas redes sociais. Assim como eles, muitas crianças também sofrem racismo ainda na infância e, em conversa com a CONTIGO!, a psicóloga Ediane Ribeiro apontou as consequências negativas do preconceito e da violência para o desenvolvimento dos pequenos.

Especialista em traumas, ela explicou que o nosso sistema nervoso termina de se desenvolver perto dos 24 a 26 anos. E, na infância, principalmente nos primeiros 7 anos de vida, a pessoa está mais vulnerável a ter alterações no seu cérebro, a partir das experiências vividas. “É por isso que as crianças são tão impactadas pelos traumas”, disse.

“O trauma infantil tem um impacto que vai perdurar, muitas vezes, pela vida toda, porque é uma fase onde o sistema nervoso está em desenvolvimento e as experiências vividas nessa fase vão influenciar, inclusive, no bom desenvolvimento desse sintema nervoso”, contou. Ediane Ribeiro explicou que os traumas podem afetar na capacidade de estabelecer vínculos com regulação emocional, no controle de impulsos, nas funções executivas como a atenção, memória, raciocínio e capacidade de organização lógica.

O racismo sofrido na infância pode ser prejudicial, também, para o psicológico da criança, em sua autoimagem. “É como se, para a criança, não fosse possível assimilar essa experiência e ela passa a entender como se o problema fosse dela, e não das outras pessoas, do racista”, explicou. “Ela compreende que aquilo que ela está vivendo é porque ela está errada, ela é inadequada. Isso causa prejuízos muito profundos na autoimagem e na autoestima”.

Questão socioeconômica

Entretanto, a psicóloga ressaltou que o racismo estrutural pode ser ainda pior para negros com uma condição socioeconômica mais baixa. “Não quer dizer que ambas não vivenciem racismo e a experiência violenta de racismo, como a gente viu acontecer nesse caso [de Titi e Bless]. Mas, a condição socioeconômica, pais instruídos em como agir, como proteger, com seus direitos, vai fazer muita diferença no entendimento dessas crianças”, apontou.

Segundo ela, isso ajuda no cuidado com o trauma sofrido pelo racismo, já que possibilita, inclusive, a ter voz para combater. “A gente está falando de pais brancos, ricos, que vão ser ouvidos, que vão ter suas falas escutadas. É muito diferente se a gente estivesse falando de dois pais pretos. E aí a gente vê a sutileza do racismo”, disse.

Como os pais podem ajudar?

Ediane Ribeiro também falou sobre o papel dos pais nesse momento e em toda a criação e educação da criança. Ela, que é negra, filha de pais negros, nunca viu o tema ser abordado em casa quando criança e adolescente e, por isso, enxerga a importância em falar sobre o assunto. “Só depois de adulta eu fui entender que meus pais não sabiam como fazer isso, não tinham recebido esse letramento racial”, contou.

“A primeira coisa importante para pais de crianças pretas é estudar sobre o tema, sobre os diretos, sobre como isso se organizou na sociedade e trabalhar em sua própria autoestima para transmitir isso aos filhos”, explicou. “As crianças aprendem muito a partir do vínculo com seus cuidadores [...] A criança que sofre racismo precisa ter uma forte referência de afeto e segurança dentro da família para reduzir os dados dessa violência”.

Em entrevista exclusiva, a psicóloga também explicou que, para cuidar dessas feridas da infância, a pessoa precisa passar por um processo e voltar a sentir segurança. “A presença empática, amorosa e de segurança de outras pessoas, como os pais, por exemplo, pode ajudar a reduzir os efeitos da traumatização”, explicou. “Em outros casos pode ser necessária uma ajuda especializada como uma terapia focada em trauma, por exemplo, onde um profissional com técnica e ferramentas vai ajudar a sair da traumatização”.

Leia a matéria original aqui.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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