Estudo conclui que estudar mais de um idioma mantém o cérebro ativo por mais tempo
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Um estudo publicado na revista Nature Aging aponta que o multilinguismo (uso regular de mais de um idioma) está associado a um envelhecimento cerebral mais lento, se comparado aos efeitos de hábitos como atividade física, educação e vida social ativa.
Segundo os pesquisadores, pessoas saudáveis que falam apenas um idioma apresentam o dobro de chance de ter envelhecimento acelerado. Já aqueles que utilizam pelo menos duas línguas diariamente têm metade desse risco. Os resultados reforçam a hipótese de que o aprendizado e o uso contínuo de idiomas podem se tornar uma estratégia de prevenção de doenças relacionadas à idade.
Como estudar vários idiomas protege o cérebro?
O envelhecimento cerebral envolve alterações na estrutura e na funcionalidade das redes neurais, impactando memória, atenção, tomada de decisão e regulação emocional. Por isso, segunda a pesquisa, falar mais de um idioma exige que o cérebro ative essas áreas de forma contínua, fortalecendo circuitos que tendem a enfraquecer com o tempo.
Além disso, o estudo aponta benefícios socioemocionais: a prática do multilinguismo está frequentemente ligada a maior interação social e exposição a contextos culturais variados, fatores que contribuem para a manutenção da saúde mental e cognitiva.
Benefícios envolvidos
Os pesquisadores descobriram que os efeitos do multilinguismo são cumulativos. Ou seja, pessoas bilíngues têm proteção contra o declínio cognitivo, mas os benefícios tendem a diminuir com a idade. Já indivíduos que falam três ou mais idiomas mantêm o risco reduzido mesmo em idades avançadas.
Segundo os autores, quanto maior a diversidade linguística, maior a resistência do cérebro às alterações naturais do envelhecimento.
Como os pesquisadores mediram o efeito?
Para analisar o impacto do multilinguismo, os cientistas desenvolveram um indicador chamado biobehavioral age gap – em português, lacuna biocomportamental de idade.
O índice compara a idade cronológica do indivíduo com a idade biológica prevista, considerando fatores como saúde cardiometabólica, educação, estilo de vida e condições socioeconômicas. A diferença permite avaliar se a pessoa apresenta envelhecimento acelerado ou retardado. Além disso, o estudo de vários idiomas foi identificado como um fator associado ao envelhecimento mais lento.
A pesquisa analisou dados de 27 países europeus. Porém, os autores destacam que ainda é necessário incluir populações de outros continentes e avaliar métricas mais detalhadas do uso de idiomas, como idade de aquisição, proficiência e frequência de uso.
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