Capivaras em condomínio de luxo levantam debate ambiental na Argentina
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As capivaras são muito comuns na América do Sul, incluindo regiões da Argentina. Durante muitos anos, a convivência entre os maiores roedores do mundo e os humanos foi pacífica. Porém, nos últimos anos, um bairro de alto luxo na região de Nordelta, Grande Buenos Aires, se tornou palco de um debate ambiental.
Atualmente, cerca de 400 capivaras vivem no local, que é banhado pelas águas do Rio Paraná, próximo do Rio da Prata. Em torno de 2015, as capivaras começaram a aparecer nos jardins das mansões e destruir os quintais, segundo os donos. Há relatos de brigas entre elas e os animais domésticos, assim como dúvidas sobre a transmissão vetores de doenças por meio das fezes que se acumulam.
Segundo o jornal Clarín, uma das moradoras afirmou que uma capivara foi muito agressiva dentro do jardim de sua casa, mordendo a barriga e as patas de seu cachorro de porte pequeno. De acordo com a dona, seu animal não quer mais sair para passear e treme o tempo todo.
Os donos das mansões querem que as capivaras sejam capturadas e transferidas para outro lugar. A sugestão é refutada por biólogos, que defendem a permanência dos roedores, já que o deslocamento de 400 capivaras desequilibraria outra região com populações já estabelecidas. Segundo os especialistas, isso causaria um sério desequilíbrio ambiental.
Na Argentina, o assunto dominou as redes sociais depois de uma matéria publicada no jornal La Nación. Os animais foram usados para ridicularizar a situação, colocados como símbolo de uma luta de classes. Além disso, a situação foi utilizada como exemplo de condomínios de luxo que invadem áreas de natureza preservada.
Os animais silvestres se tornaram memes, como capivaras lendo o livro “O Capital”, de Karl Marx, e apelidadas de “Capi-Marx”, com roupas de guerrilheiros ou como candidatas a estampar uma nota fictícia no valor de 2.000 pesos por serem “patriotas da natureza argentina”.
Porém, algumas pessoas debatem os riscos dessas ações e levantam questões como pedidos para lei de proteção aos pantanais. Os defensores alegam que o ecossistema é fundamental para reservas de água doce, regulação de inundações e habitat de muitos animais silvestres.
No delta do Rio Paraná, segundo maior da América do Sul, regiões de pantanal têm sido ameaçadas pelo avanço de empreendimentos imobiliários, agricultura, pecuária e incêndios florestais. A presença de capivaras para dentro de Nordelta está sendo creditada a grandes períodos de seca, que diminuem a oferta de água e comida longe de áreas habitadas.