Bento XVI: O que motivou a renúncia do papa que antecedeu Francisco?

Em 2023, a divulgação de uma carta escrita pelo Papa Emérito Bento XVI ao seu biógrafo, Peter Seewald, revelou que a insônia foi um fator determinante para sua renúncia ao papado em fevereiro de 2013.

Bento XVI, nascido Joseph Ratzinger, que faleceu no dia 31 de dezembro de 2022, aos 95 anos, enviou essa carta no dia 28 de outubro de 2022.

Na correspondência, ele menciona que a insônia o acompanhava incessantemente desde a Jornada Mundial da Juventude em Colônia, realizada em agosto de 2005, poucos meses após sua ascensão.

Conforme relatado na carta, o médico que atendia o pontífice prescreveu medicamentos para ajudá-lo a dormir. Embora esses remédios inicialmente tenham possibilitado que ele mantivesse sua rotina exigente, com o passar do tempo, a eficácia dos soníferos começou a diminuir.

Incidente

Além disso, a utilização desses medicamentos teria contribuído para um incidente durante uma viagem ao México e Cuba em março de 2012.

De acordo com Bento XVI, na manhã seguinte à sua chegada, ele encontrou seu lenço ensanguentado e acreditou ter se machucado após uma queda no banheiro. O episódio levou a uma recomendação médica para reduzir a ingestão de soníferos e limitar sua participação em eventos matinais durante suas viagens internacionais.

No texto, Ratzinger expressa estar ciente de que as limitações impostas pela saúde não poderiam ser sustentadas por um longo período.

Essa percepção o levou a decidir renunciar ao papado meses antes da próxima Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, evento que ele não se sentia capaz de participar.

A renúncia foi feita com tempo suficiente para permitir que seu sucessor, o Papa Francisco, pudesse assumir a responsabilidade e participar da visita ao Brasil.

Escândalos

A decisão inesperada de Bento XVI chocou muitos ao redor do mundo. Ele passou seus anos posteriores em um mosteiro nos jardins do Vaticano até seu falecimento.

Durante seu papado, Bento XVI enfrentou diversas crises, incluindo o escândalo Vatileaks em 2012 e os graves casos de abusos sexuais perpetrados por membros da Igreja Católica.

Em "O Sucessor. Minhas memórias de Bento XVI", o papa Francisco relembrou a renúncia de seu antecessor. Ao ser questionado sobre como gostaria que Bento XVI fosse lembrado, o atual Santo Padre respondeu: "Como o homem que ele foi: um homem que teve a coragem de renunciar e que, a partir daquele momento, continuou acompanhando a Igreja e o seu sucessor".