O ‘tesouro’ romano que acabou esquecido em um pote de margarina

Por toda a Europa — e até mesmo em algumas partes de outros continentes —, todos os anos são realizadas descobertas relacionadas a uma das mais gloriosas civilizações que o mundo já viu: o Império Romano. 

Graças ao estudo da arqueologia, são frequentemente encontrados em escavações — ou até mesmo em reformas — relíquias referentes aos romanos. Moedas, documentos, espadas, armaduras, sepulturas, assentamentos, cerâmicas, mosaicos, estátuas... A variedade e quantidade dos tesouros é realmente impressionante e digna das glórias que os romanos alcançaram.

E em 2018, o Museu Britânico divulgou uma descoberta, no mínimo, inusitada, não pelo artefato em si — uma estatueta representando a deusa Minerva —, mas pela sua localidade: um pote de margarina. Entenda o caso!

Encontrando o tesouro

Em 1996, foi aprovado no Reino Unido o chamado Treasure Act (Lei do Tesouro), que passou a definir o que é considerado tesouro, além de obrigar aqueles que descobrirem possíveis tesouros a notificar as autoridades.

E todo tipo de achado pode ser considerado um tesouro, desde metalurgia pré-histórica até um relógio de bolso do século 17. Mas mesmo entre a ampla gama de possibilidades, a estátua da deusa Minerva se destaca. 

Originalmente, a estatueta foi descoberta por um detectorista em um campo nas proximidades da vila de Hailey, em Oxfordshire, há mais de 15 anos. Porém, na época, o responsável pela descoberta apenas pensou que aquele artefato poderia ser uma cópia moderna, e apenas a colocou num pote de margarina, que deixou largado do lado de fora de casa... 

Redescoberta

Foi só em 2018 que Len Jackman, um caminhoneiro aposentado e detectorista amador, perguntou ao fazendeiro da propriedade de Oxfordshire se poderia procurar por tesouros em sua terra. Foi, então, que o fazendeiro disse que Jackmannão era o primeiro a fazer buscas em sua propriedade.

"Ele me convidou para entrar e me dar um mapa de sua terra e disse que já havia tido outros detectores antes. Ele mostrou esta estátua em uma caixa velha de margarina, dizendo que ela foi encontrada em sua terra", relatou Jackman à CNN. 

Relativamente experiente na área, Jackman supôs, logo que viu a estátua — que estava dentro da caixa com algumas moedas de ouro — que ela era legitimamente romana.

Porém, ainda precisaria de mais alguns meses para que uma confirmação oficial fosse feita: "Eu disse a ele que levaria o que eu tivesse encontrado identificado e datado ao Museum Resource Centre em Standlake, e ele disse que se eu fosse, deveria levar as coisas do recipiente de margarina. Eu disse, 'Acho que você vai receber um telefonema!'".

Objeto raro

Ao The Guardian, a oficial de ligação de achados de Oxfordshire, Anni Byard, relembrou: "Os objetos tinham sido deixados para mim na minha mesa e eu peguei o pote e presumi que poderia ser um pedaço de chumbo, de tão pesado que era. Desembrulhei o papel de seda e foi simplesmente 'uau'... um momento fantástico".

Eu soube imediatamente que era romano e não é algo que você vê normalmente", acrescentou. "É a primeira estátua desse tamanho que vejo em 10 anos de trabalho".

Segundo os pesquisadores, o artefato era feito de uma liga de cobre e chumbo, e representava Minerva, a deusa romana da sabedoria (versão romana de Atenas). Além disso, o objeto era datado do primeiro ou segundo século, e provavelmente esteve, originalmente, em um santuário.

Infelizmente, sua cabeça foi separada do corpo ao longo dos séculos, mas o simples fato de ela ter resistido ao tempo para ser encontrada já é motivo para celebração, para os arqueólogos.