Papa Francisco dissolve comunidade católica do Peru envolvida em escândalo

Após anos de investigações sobre supostos abusos sexuais e psicológicos, uma comunidade católica com membros espalhados por toda a América do Sul e nos Estados Unidos foi dissolvida recentemente pelo papa Francisco. Até o momento, o Vaticano não informou detalhes sobre a decisão.

Com sede no Peru, o grupo Sodalitium Christianae Vitae chegou a contar com cerca de 20 mil membros, segundo o comunicado de sua dissolução emitido nesta segunda-feira, 20. Vale mencionar que é raro que um papa dissolva uma comunidade religiosa católica, mesmo quando envolvida em escândalos do tipo.

Anteriormente, por exemplo, o papa Bento XVI, que ocupou a função entre 2005 e 2012, optou, frente a um escândalo parecido, por reestruturar a comunidade dos Legionários de Cristo — fundada na Cidade do México em 1941, e hoje sediada em Roma, na Itália. Esse grupo, por sua vez, chamou atenção depois que seu fundador, Marcial Maciel, foi acusado de abusar de pelo menos 60 menores de idade

Já o Sodalitium Christianae Vitae foi fundado no Peru em 1971, por Luis Fernando Figari. Ele foi reconhecido como uma comunidade religiosa católica oficial em 1997, pelo papa João Paulo II.

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Investigações

Conforme repercute a Reuters, ao longo da última década o Sodalitium Christianae Vitae foi alvo de diversas investigações do Ministério Público do Peru e do Vaticano, até que, em 2017, um relatório encomendado pela sociedade concluiu que Luis Fernando Figari e vários outros ex-membros de importância no grupo eram responsáveis por cometer abusos de pelo menos 19 menores de idade e 10 adultos.

Por isso, em 2023 o próprio Francisco determinou que fosse feita uma investigação do caso pelos principais especialistas em abuso sexual do Vaticano, o que culminou, em 2024, na expulsão de Figari, que negou qualquer irregularidade, do grupo.

Nos 12 anos que vem marcando seu papado, Francisco vem se destacando principalmente pela abordagem do abuso sexual na Igreja, que levou como prioridade e, até agora, apresentou resultados bastante mistos. Ele foi o responsável por criar a primeira comissão papal deste tema, embora grupos de vítimas ainda questionem sua eficácia.