Pesquisadores encontram esconderijo de alimentos milenar no Alasca
Aventuras Na História
Uma equipe de pesquisadores que investigava a enseada Cook, no centro-sul do Alasca, descobriu uma abertura no solo que, aparentemente, serviu como armazém de alimentos dos povos Dene há cerca de mil anos. Essa descoberta foi feita em um sítio arqueológico localizado na Base Conjunta Elmendorf-Richardson (JBER).
Os povos Dene foram os primeiros indígenas a habitar as regiões boreais e árticas do norte do Canadá. No que hoje é o Alasca, destacam-se as civilizações Dena’ina e Ahtna, também pertencentes ao grupo Dene. De acordo com Aaron Leggett, presidente da Aldeia de Eklutna, os Dena’ina utilizavam o caminho que hoje leva à JBER para acessar locais de pesca na região de Anchorage.
A datação por radiocarbono revelou que o armazém tem aproximadamente 960 anos, com uma margem de erro de 30 anos. “Quando recebemos os resultados que diziam que eram 960 anos, com uma margem de erro de 30 anos, ficamos chocados”, afirmou Liz Ortiz, arqueóloga e gerente do programa de recursos culturais da base, de acordo com o portal Galileu.
A arqueóloga Margan Grover destacou que, apesar de existirem sítios arqueológicos no Alasca com até 14 mil anos, as condições do solo no centro-sul da região tornam rara a preservação de evidências tão antigas.
A abertura descoberta possui 106 centímetros de profundidade e estava revestida com cascas de bétula, provavelmente para afastar roedores. Embora os pesquisadores esperassem encontrar vestígios de animais marinhos, devido à proximidade com a água, foram identificadas evidências de mamíferos terrestres, como alces e renas.
O estudo contou com a colaboração de anciãos locais, que ofereceram informações sobre os costumes dos povos Dena’ina e Ahtna. Uma árvore de bétula próxima ao local trazia uma marca em forma de T, que, segundo os anciãos, identificava o acampamento de peixes da família Theodore, vinculada às tribos Eklutna e Knik.
Significado
Além de ajudar na compreensão da história dos indígenas na região, a descoberta tem um significado profundo para as comunidades locais. Angela Wade, responsável pela preservação histórica tribal da vila de Chickaloon, afirmou: “Sinto que cada sítio que aprendemos, cada sítio que podemos investigar mais a fundo, é um pedaço da nossa história que foi potencialmente perdido. Então, isso é como recuperar um pouco da história da qual fomos separados.”
Atualmente, as terras historicamente ocupadas pelos povos Dene abrigam metade da população do Alasca. Mesmo com a degradação causada por ações humanas, líderes tribais enfatizam a importância de preservar os locais que ainda resistem.