Policial é morto pelo Talibã em campanha de vacinação no Paquistão

Um policial que acompanhava equipes de vacinação contra a poliomielite foi morto nesta segunda-feira, 3, na província de Khyber Pakhtunkhwa, no noroeste do Paquistão. O ataque foi reivindicado pelo Talibã paquistanês, grupo militante que há anos tem como alvo profissionais de saúde e suas escoltas.

Segundo o policial local Zarmat Khan, a vítima estava a caminho da escolta quando foi surpreendida por dois homens, que abriram fogo em montados em uma motocicleta.

"O policial morreu instantaneamente no local", relatou Khan à agência AFP. O grupo terrorista afirmou, em comunicado, que o ataque foi "direcionado" e que seus membros também apreenderam a arma do agente.

Crise humanitária

O Paquistão e o Afeganistão são os únicos países onde a poliomielite continua endêmica. Em 2024, o Paquistão registrou pelo menos 73 casos da doença, um aumento expressivo em relação aos seis casos relatados no ano anterior. A campanha de vacinação iniciada nesta segunda-feira, 3, é a primeira do ano e deve se estender por uma semana.

Apesar do ataque, as atividades de imunização continuam na região, segundo Khan. Outro alto funcionário da polícia, Abdul Hameed Afridi, confirmou os detalhes do incidente e afirmou que as autoridades iniciaram uma investigação. O primeiro-ministro Shehbaz Sharif condenou o episódio e garantiu que "a campanha antipólio continuará com total vigor".

A vacinação contra a poliomielite, que pode ser evitada com a administração de poucas gotas da vacina oral, tem sido alvo de desinformação e resistência em algumas comunidades. No passado, líderes religiosos alegaram, sem fundamento, que o imunizante continha substâncias proibidas para muçulmanos, como carne de porco ou álcool.

Nos últimos anos, militantes intensificaram ataques contra escoltas policiais que protegem as equipes de vacinação. Em 2023, após uma série de ataques, dezenas de policiais paquistaneses entraram em greve em protesto contra os riscos enfrentados.

Terrorismo

O Paquistão tem registrado um aumento da violência desde que o Talibã retomou o poder no Afeganistão. Somente em 2024, mais de 1.600 pessoas morreram em ataques terroristas, segundo dados do Centro de Pesquisa e Estudos de Segurança, sediado em Islamabad. O governo paquistanês acusa os líderes talibãs afegãos de não conterem os militantes que operam a partir de seu território, algo que o regime de Cabul nega.

Em novembro, um atentado a bomba matou pelo menos sete pessoas — incluindo cinco crianças — em um ataque contra policiais que protegiam vacinadores perto de uma escola na província de Baluchistão.

A região, que faz fronteira com o Afeganistão e tem a menor densidade populacional do país, registrou o maior número de casos de poliomielite em 2024.